Ares de mudança
5 de fevereiro de 2011O primeiro-ministro do Egito, Ahmed Shafik, encontrou-se neste sábado (05/02) com líderes dos protestos para debater possibilidades para a deposição do presidente Hosni Mubarak. Uma delas seria o vice-presidente Omar Suleiman assumir as atribuições da presidência.
Segundo informações da televisão egípcia, funcionários importantes deixaram o partido no poder, entre eles, o secretário-geral Safwat el Sharif e Gamal Mubarak, filho do presidente Hosni Mubarak. Porém os ativistas advertem que as manifestações não cessarão, até que este tenha renunciado à presidência do país.
Em seguida às conversações com os oposicionistas, Shafik prometeu no canal de televisão estatal que a estabilidade retornará ao país, após 12 dias de protestos. Na capital, o Exército instou os manifestantes que ocupam a praça Tahrir a abandonarem o local. O chefe do partido do governo, Safwat el Sharif, anunciou sua renúncia neste sábado.
Prejuízos e vítimas
Enquanto seguem os protestos de centenas de milhares em todo o Egito, o ditador de 82 anos de idade realizou uma reunião com seus conselheiros econômicos, entre eles o ministro das Finanças e o presidente do Banco Central. Desde seu início, em 25 de janeiro último, a crise política já custou à economia do Egito 3,1 bilhões de dólares.
Segundo a página de internet do New York Times, representantes do governo norte-americano consideram a possibilidade de que a Alemanha receba o presidente egípcio, para fins de tratamento médico. Deste modo, um governo de transição sob Suleiman estaria apto a negociar com a oposição, sem que Hosni Mubarak perca seu cargo imediatamente.
Pela primeira vez, um jornalista se encontra entre as vítimas fatais das manifestações em massa. Segundo o jornal oficial Al Ahram, na sexta-feira um repórter egípcio de 36 anos sucumbiu ao disparo que recebera de um franco atirador no início da semana, quando cobria as batalhas de rua no Cairo.
Merkel e Clinton
Durante a 47ª Conferência Internacional de Segurança, realizada na cidade alemã de Munique, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, comentou a situação no Egito. Segundo ela, os que se manifestam a favor da democracia estão "certos", mas a mudança política no país "tem de ser de uma forma que seja pacífica e ordeira".
A chefe de governo se pronunciou contra as exigências de renúncia a Mubarak, advertindo de um "total vácuo de poder". Traçando paralelos entre os protestos no país árabe e os que levaram à queda do regime comunista da extinta República Democrática Alemã, ela afirmou que os oposicionistas merecem apoio externo.
"Mas uma vez, aí estão imagens de gente que acredita em si mesma. Quem seríamos nós, se não nos colocássemos ao lado dessas pessoas?", disse a premiê.
Também presente à conferência, a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, apelou ao "espírito de tolerância e consenso" no Egito, a fim de que se evite o caos. Sem fazer referências diretas à crise naquele país, ela apontou para as armadilhas que o estabelecimento de uma democracia nascente implica.
As revoluções têm derrubado ditadores em nome da democracia, apenas para serem substituídas por governos autoritários, lembrou Clinton, acrescentando: "A transição para a democracia só funcionará se for inclusiva e transparente".
AV/dw/ap/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque