Prisão perpétua a líderes da irmandade Muçulmana
28 de fevereiro de 2015Um tribunal egípcio condenou neste sábado (28/02) 14 membros da Irmandade Muçulmana à prisão perpétua – entre eles o chefe do grupo, Mohammed Badie, seus dois vices e um ex-porta-voz do Parlamento egípcio. O tribunal também confirmou as sentenças de morte de outros quatro integrantes do grupo que haviam sido declaradas em dezembro do ano passado.
Eles foram acusados de incitar a violência contra manifestantes opositores ao governo de então durante protestos de junho de 2013. Na época, manifestações em massa pediam a saída do então presidente Mohamed Morsi, um dos líderes da Irmandade Muçulmana. Ele foi derrubado pelas Forças Armadas. Nove pessoas foram mortas na época em confrontos com as forças de segurança.
Morsi foi deposto um mês depois. Desde então, as autoridades egípcias vêm reprimindo sistematicamente o grupo, detendo e processando centenas de islamistas acusados de participação nas mortes.
Hamas na lista de grupos terroristas
Em outra sentença, um tribunal egípcio listou como "organização terrorista" o grupo radical palestino Hamas, acusado de apoiar os ataques de jihadistas contra as forças de segurança no Sinai. A decisão foi divulgada neste sábado (28/02) pela agência estatal de notícias egípcia.
Segundo o juiz responsável pelo caso, não há dúvidas de que o movimento cometeu atos de "sabotagem, assassinato e mortes de civis inocentes e de integrantes das forças armadas e policiais do Egito".
O Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2006, é considerado um braço da Irmandade Muçulmana, que as autoridades já declararam ser um "grupo terrorista".
"A decisão do tribunal egípcio de listar o Hamas como uma organização terrorista é chocante e perigosa, e ela tem como alvo o povo palestino e suas facções de resistência", criticou o grupo em nota.
Há um mês, as Brigadas de Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, foram proibidas e declaradas terroristas pelo mesmo tribunal.
O advogado que interpôs a ação, Tarek Mahmud, disse à imprensa egípcia ter apresentado ao tribunal provas de que o Hamas "perpetrou atentados em território egípcio" e ofereceu "apoio financeiro e armas" a grupos terroristas ativos na península do Sinai.
Segundo o advogado, o movimento palestino também foi responsável pelos ataques a prisões ocorridos durante a revolução de 2011 que afastou o então presidente egípcio Hosni Mubarak. Os ataques permitiram a fuga de numerosos militantes islamicos.
A expectativa agora é de que, com a decisão do tribunal, a situação na fronteira do Egito fique ainda mais tensa. A península do Sinai é palco de frequentes atentados contra as forças de segurança egípcias perpetrados por grupos jihadistas desde a deposição de Morsi, em julho de 2013.
MSB/rtr/lusa/ap