Egito exige quase US$ 1 bi por bloqueio do Canal de Suez
13 de abril de 2021Autoridades egípcias ordenaram a apreensão do navio cargueiro Ever Given, que bloqueou o Canal de Suez por seis dias no mês passado e gerou enormes prejuízos ao comércio internacional. A administração da via marítima que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho informou nesta terça-feira (13/04) que a embarcação somente será liberada após o pagamento de uma compensação no valor de 900 milhões de dólares (em torno de R$ 5,1 bilhão).
O chefe da autoridade do Canal, Osama Rabie, disse que os proprietários do navio não fizeram o pagamento do valor exigido após o desencalhe do enorme cargueiro.
O navio, que transporta em torno de 3,5 bilhões de dólares em cargas entre a Ásia e a Europa, encalhou no dia 23 de março e ficou atravessado entre as duas margens do Canal de Suez.
O bloqueio de uma das principais vias do comércio mundial gerou fortes prejuízos ao setor de transportes marítimos, que já vinha sendo abalado pela pandemia de covid-19, ao impedir a travessia de cerca de 420 embarcações pelo Canal.
No dia 29 de março, equipes de resgate conseguiram remover o navio e liberar a passagem. Desde então, o Ever Given permanece ancorado em um trecho mais largo do Canal, no Grande Lago Amargo.
Promotores investigam motivos do encalhe
Ao anunciar a apreensão, Rabie se queixou da empresa proprietária do navio e disse que eles se recusavam a pagar a quantia pedida. Ele não mencionou o valor de ao menos 900 milhões de dólares, que acabou sendo confirmado por uma autoridade judicial do país, citada pela agência de notícias Associated Press.
Esse montante incluiria os custos da operação de resgate, dos prejuízos pelo bloqueio do canal e das taxas de trânsito que não puderam ser arrecadadas naquele período. Segundo a empresa de dados marítimos Lloyd's List, o incidente impediu o transporte de 9,6 bilhões de dólares em cargas em cada um dos seis dias que durou o bloqueio.
O Canal de Suez é vital para a economia do Egito, que, segundo a administração da via marítima, teve prejuízos de entre 12 milhões e 15 milhões de dólares por dia enquanto os navios não podiam circular.
A autoridade judicial, cujo nome foi mantido em sigilo, informou que promotores egípcios da cidade de Ismaília, localizada às margens do Canal, abriram uma investigação para averiguar o que levou o navio a encalhar.
Rabie, por sua vez, disse que o governo egípcio ainda negocia com os proprietários para chegar a um acordo sobre o pagamento das compensações. Este deverá ser um processo complicado, uma vez que o Ever Given, de bandeira panamenha, é de propriedade da empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha e operado por uma firma de Taiwan.
rc/lf (AP, Lusa, AFP)