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El Chapo é condenado nos Estados Unidos

12 de fevereiro de 2019

Júri popular considera o líder do cartel de Sinaloa culpado por dez crimes relacionados ao tráfico de drogas. Pena, que será determinada por juiz posteriormente, pode chegar à prisão perpétua.

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El Chapo durante a extradição para os Estados Unidos em 2017
El Chapo durante a extradição para os Estados Unidos em 2017Foto: picture-alliance/ZUMA/Prensa International/Ho/Pgr

O narcotraficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán foi condenado nesta terça-feira (12/02), por um júri popular, pelos dez crimes relacionados ao tráfico de drogas dos quais ele foi acusado num julgamento em Nova York, Estados Unidos. Com a decisão, cabe agora ao juiz responsável determinar a pena, que, neste caso, pode chegar à prisão perpétua.

Segundo juiz da Corte Federal do Brooklyn, Brian Cogan, a decisão do júri de condenar El Chapo só não foi unânime em duas das acusações, sobre distribuição de cocaína em 2007 e de maconha em 2012.

Cogan tem agora a missão de estabelecer a condenação do caso judicial de narcotráfico mais midiático nos Estados Unidos. A sessão na qual o anúncio será feito foi marcada para 25 de junho.

O julgamento de El Chapo, de 61 anos, durou três meses e as audiências foram realizadas sob um forte esquema de segurança. A promotoria acusa o narcotraficante de ser o líder do violento cartel de Sinaloa, que contrabandeou toneladas de cocaína e outras drogas para os EUA durante mais de duas décadas.

Antes do veredicto, o júri ouviu 56 testemunhas, das quais 14 foram voluntárias do governo americano, entre elas Juan Carlos Abadía, sem dúvida o mais impactante, tanto pelo rosto desfigurado por cirurgias plásticas para evitar ser reconhecido pelas autoridades como pela frieza com que falou de assassinatos.

As testemunhas, presas nos EUA e que esperam uma redução de suas penas devido à cooperação no caso, eram aliados de El Chapo  no tráfico – como Abadía – ou funcionários muito próximos, como Dámaso Alonso, Jesús 'El Rey' Zambada e seu sobrinho Vicentillo Zambada, cujas declarações já foram revisadas pelo júri durante os primeiros quatro dias de deliberações.

Nos anos em que esteve à frente do cartel Norte del Valle, Abadía exportou cerca de 400 mil toneladas de drogas aos Estados Unidos, a maioria por meio do cartel de Sinaloa.

O júri deste caso também foi cercado por medidas de segurança, que incluíam a proibição de divulgar seus nomes, onde vivem ou trabalham. Os membros eram escoltados diariamente até suas residências por agentes federais.

Ao ouvir o veredicto, Guzmán não demonstrou nenhuma emoção. A defesa alegava que El Chapo seria apenas um "bode expiatório", numa tentativa de jogar a culpa pelas acusações a Ismael "El Mayo" Zambada García, outro líder do cartel de Sinaloa. Os advogados do narcotraficante anunciaram que vão recorrer da decisão.

Túneis e fugas dramáticas

Após entrar para o tráfico nos anos 1970, El Chapo ficou conhecido pelos túneis que construiu para transportar drogas através da fronteira do México com os Estados Unidos. Mais tarde, passou a utilizar aviões, trens e navios. Ele recebia a cocaína da Colômbia e a transportava para cidades como Los Angeles, Chicago e Nova York.

Após iniciar uma guerra contra seus concorrentes nos anos 1990, El Chapo fugiu para a Guatemala, onde seria capturado e levado à prisão no México, de onde continuou a controlar seu império.

El Chapo escapou de duas prisões de segurança máxima mexicanas, em 2001 e 2015. Na última ocasião fugiu através de um túnel cavado dentro de sua cela no presídio de Altiplano, ao qual retornou após a captura, em janeiro de 2016, e permaneceu até maio, quando foi transferido para uma prisão em Ciudad Juárez.

Depois da última fuga, em janeiro de 2017, o governo mexicano extraditou Guzmán para os Estados Unidos. O processo contra o chefe do cartel mexicano de Sinaloa começou em novembro do ano passado e terminou em 1º de fevereiro, depois que a promotoria e a defesa de El Chapo apresentarem suas alegações finais.

CN/efe/lusa/ap/afp/rtr

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