Eleitores do Kansas votam pela proteção do direito ao aborto
3 de agosto de 2022Os eleitores do estado americano do Kansas rejeitaram por ampla margem nesta terça-feira (02/08) uma emenda que visava remover a proteção ao direito ao aborto da Constituição estadual.
O resultado foi uma vitória significativa para o movimento pró-aborto, por se tratar da primeira decisão estadual sobre a questão através do voto desde a decisão da Suprema Corte dos EUA, em junho, que derrubou a proteção federal ao aborto legal no país.
A rejeição à emenda à Constituição do Kansas aumentou as esperanças do Partido Democrata, do presidente Joe Biden, de que a questão possa impulsionar a legenda nas eleições legislativas em novembro, que deverão ser marcadas pela questão econômica em meio à alta da inflação nos EUA.
Analistas políticos já davam como certa a aprovação da emenda, uma vez que os apoiadores do Partido Republicano costumam comparecer em maior número às eleições primárias estaduais nos EUA, onde voto não é obrigatório. No entanto, o comparecimento dos demais eleitores foi maior do que o esperado.
Com 98% dos votos apurados, 59% dos votantes optaram pela preservação do direito ao aborto, contra quase 41% que apoiaram a emenda.
O resultado ainda impede os legisladores do estado – na maioria, republicanos – de aprovar restrições ao direito no Kansas, que se tornou um dos principais locais de acesso à prática no centro-oeste americano.
Esperança para os democratas
Moradores do Texas, Oklahoma, Missouri e de outros estados onde o direto ao aborto foi removido logo após a decisão da Suprema Corte, viajam até o Kansas para realizarem o procedimento. Uma clínica em Wichita relatou que 60% dos pacientes são de outras regiões.
A votação no Kansas foi a primeira de várias consultas eleitorais que serão realizadas este ano nos EUA. Os estados da California, Kentucky, Vermont e, provavelmente, o Michigan deverão incluir o tema em suas votações nos próximos meses.
O sucesso da campanha pró-aborto em um estado conservador como o Kansas, com raízes profundas no movimento antiaborto, poderá servir como exemplo estratégico para grupos de ativistas que tentam angariar apoio eleitoral após a decisão da Suprema Corte.
rc (Reuters, AP)