Eleitores vão às urnas em meio a surto de ebola na Libéria
20 de dezembro de 2014Enquanto agentes de saúde carregavam termômetros e produtos antissépticos de um lado para outro, eleitores da Libéria, na África Ocidental, depositavam seus votos nas urnas neste sábado (20/12), dia de eleições para o Senado em um dos países mais afetados pelo vírus do ebola.
Bastante criticada devido ao potencial de ajudar a disseminar o vírus, a eleição, adiada duas vezes, ocorre no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou para 7.737 o número de mortos com ebola neste ano. O número de infectados passou de 19 mil. Os casos estão concentrados praticamente em três países – além da Libéria, também nos vizinhos Serra Leoa e Guiné.
Cerca de 1,9 milhão de eleitores estavam aptos a votar nestas eleições na Libéria, mas o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Jerome Korkoya, disse que a taxa de participação foi baixa. As autoridades haviam prometido distribuir 4,7 mil termômetros e 10 mil garrafas de produtos antissépticos nos locais de votação, mas, segundo Korkoya, muitos produtos não chegaram a tempo.
Segundo a Comissão Eleitoral, antes de entrar nos locais de votação os eleitores eram orientados a lavar as mãos e a manter uma distância de pelo menos um metro uns dos outros. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, esteve na Libéria na sexta-feira e fez um apelo à população para que todos seguissem as orientações de saúde a fim de garantir a própria proteção e a de parentes e amigos.
Originalmente agendada para ocorrer em outubro passado, a votação foi empurrada para o dia 16 de dezembro, em meio à luta da população da Libéria para conter a epidemia, que já matou aproximadamente 3,3 mil pessoas no país. As eleições foram então mais uma vez adiadas, por quatro dias. A população vai eleger quem ocupará 15 dos 30 assentos no Senado.
A doença agora segue um ritmo mais lento em território liberiano, mas continua avançando em Serra Leoa e no sudeste de Guiné, onde o surto começou.
Neste sábado, Ban esteve na Guiné, onde manifestantes atacaram um centro de saúde montado pela organização Médicos Sem Fronteiras em Kissidougou, no sul do país. Jovens enfurecidos, temendo o surto na região, saquearam instalações, atearam fogo em lonas e quebraram cadeiras para expulsar quem estava trabalhando por lá, segundo relataram policiais.
Da Guiné, o secretário-geral da ONU seguiu para o Mali, no giro de dois dias pela área mais afetada pelo ebola a fim de acompanhar os trabalhos nacionais para conter a epidemia. Ban está acompanhado da chefe da OMS, Margaret Chan, e de representantes da Nações Unidas.
MSB/dpa/ap/afp