Eleição na Baixa Saxônia é teste para Merkel e Steinbrück
19 de janeiro de 2013O candidato social-democrata à chefia de governo alemão, Peer Steinbrück, afirmou que as eleições estaduais na Baixa Saxônia desempenham "um papel fundamental" para ele. O adversário da chanceler federal Angela Merkel anseia por ventos favoráveis em seu percurso até as eleições parlamentares alemãs deste ano – algo que, por muito tempo, a Baixa Saxônia parecia poder lhe oferecer. Social-democratas e verdes estavam claramente na liderança nas pesquisas.
Mas a clara vantagem nas pesquisas de opinião se transformou numa disputa apertada com os partidos da coligação conservadora-liberal, a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal Democrático (FDP), atualmente à frente do governo da Baixa Saxônia. Se os democrata-cristãos sob a liderança do governador David McAllister, um protegido de Merkel, não forem derrubados do governo do estado, a situação vai ficar ruim para Steinbrück.
Todos, desde a imprensa até os críticos internos do Partido Social Democrata (SPD), responsabilizariam Steinbrück pela derrota, apontando para o escândalo de seus cachês milionários para palestras ao setor privado e às suas observações infelizes sobre o baixo salário de um chanceler federal alemão e sobre vinhos baratos.
O SPD já disse que não vai trocar seu candidato à chancelaria federal. Mas, pouco antes da hora da verdade, os social-democratas estão tremendo de medo, e não só eles.
Destino incerto para o liberais
De acordo com as pesquisas, o partido A Esquerda, que na última eleição estadual pôde comemorar sua expansão para o Oeste Alemão também na Baixa Saxônia, não deverá conseguir o limite mínimo de 5% de votos para a representação parlamentar, devendo deixar a Assembleia Legislativa do estado, como foi o caso recentemente na Renânia do Norte-Vestfália e em Schleswig-Holstein. O encolhimento em direção a um partido do Leste Alemão toma cada vez mais forma.
Este domingo eleitoral é considerado um dia fatídico também para o presidente do FDP, Philipp Rösler. Nos bastidores de seu partido, as facas já estão sendo afiadas para o sacrifício da ex-estrela jovem dos liberais, cuja liderança é hoje vista como fraca e insípida.
Em recentes pesquisas nacionais, os liberais alcançaram apenas 3% das intenções de votos. Também na Baixa Saxônia paira a ameaça de eles não alcançarem o limite mínimo de 5%. "Fico arrasado ao ver o estado de meu partido", declarou recentemente o ministro da Cooperação Econômica, Dirk Niebel, e exigiu mudanças no quadro de lideranças. Sem muita convicção, Rösler declarou sua disposição de assumir as consequências: o presidente nacional de um partido deve sempre assumir a responsabilidade pelos resultados eleitorais nos estados, declarou.
No caso de um fracasso dos liberais na Baixa Saxônia, alguns analistas políticos profetizam que, pela primeira vez na história da República Federal da Alemanha, poderá haver um Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) sem a participação do FDP a partir do próximo ano.
Mas ainda não se chegou até esse ponto. Nas eleições estaduais de Schleswig-Holstein e da Renânia do Norte-Vestfália, em 2012, a morte do partido também havia sido anunciada, mas – graças à participação de fortes candidatos – ele conseguiu mais de 8% dos votos em cada estado.
A esperança do FDP é baseada, desta vez, novamente numa peculiaridade do direito eleitoral alemão: muitos eleitores da CDU, partido de Merkel, poderiam dar seu primeiro voto para o candidato do próprio partido e, com o segundo voto, levar o Partido Liberal Democrático à Assembleia Legislativa do estado.
Merkel despreocupada
Nesse caso, a coligação conservadora-liberal sob o comando de McAllister poderia permanecer no governo da Baixa Saxônia. O político de origem escocesa pode contar, sozinho, com cerca de 40% dos votos – um resultado que poderia lhe abrir as portas para um ministério na capital alemã, caso venha a perder o poder em seu estado devido ao fracasso do Partido Liberal.
Há rumores, por exemplo, de que McAllister possa se tornar o próximo ministro da Educação caso a atual chefe da pasta, Annette Schavan, tropece nas acusações de plágio em sua tese de doutorado.
Nas últimas semanas, Merkel apareceu nada menos que sete vezes ao lado de McAllister durante a campanha eleitoral da Baixa Saxônia, sempre de bom humor. Essa serenidade tem seus motivos: uma derrota dos democrata-cristãos e liberais na Baixa Saxônia não afetaria em nada a popularidade de Merkel no país.
Afinal, as pesquisas indicam que o candidato dela, McAllister, deverá obter um bom resultado; a culpa por um eventual fracasso da coligação conservadora-liberal seria do FDP; e, para um terceiro mandato na chancelaria federal em Berlim, a presidente do partido mais forte da Alemanha teria novas opções, bem além de uma aliança com os liberais.
Autor: Bernd Grässler (ca)
Revisão: Alexandre Schossler