Eleições suíças devem fortalecer nacionalistas
16 de outubro de 2015Os suíços vãos às urnas neste domingo (18/10) para renovar as duas câmaras da Assembleia Federal (Parlamento), em eleições que devem consagrar um partido nacionalista que se opõe abertamente à imigração e está por trás de medidas polêmicas contra tradições muçulmanas.
Analistas políticos e a imprensa local dão como certo que o Partido Popular Suíço (SVP) se confirmará como principal força política do país. Se isso acontecer, será a quarta eleição em sequência na qual a legenda populista de direita terá a maioria das cadeiras no Parlamento.
A última pesquisa de intenção de voto, realizada no fim de setembro, aponta o SVP como preferência de quase 27,9% dos eleitores, 1,3 ponto percentual acima do alcançado na eleição de 2011. Em segundo lugar aparece o Partido Social-Democrata (SP), com 19,3%, seguido pelo Partido Liberal Democrático (FDP), que tem 16,7%.
Se as previsões se confirmarem, o SVP pode conseguir uma segunda cadeira no Conselho Federal – o grupo de sete políticos apontados pelo Parlamento que exerce a chefia de governo e Estado na Suíça por consenso.
A Suíça não vive uma onda de chegada de refugiados na escala enfrentada por seus vizinhos da União Europeia. Mas é um dos países com maior proporção de imigrantes em sua população (24%) – a Alemanha, por exemplo, tem 10%.
Integração e imigração: principais temas
A imigração foi o principal tema da campanha eleitoral. Segundo uma sondagem recente, mais da metade dos suíços listou imigração, integração e estrangeiros como suas principais preocupações. Temas como relações com a União Europeia, sistema de saúde, desemprego e meio ambiente mal constaram da lista.
"Os problemas da União Europeia com os migrantes geraram um clima que favorece o Partido Popular no momento", opina Lukas Golder, analista do instituto GFS, responsável pela última pesquisa de opinião.
O SVP é o partido por trás do projeto de lei, lançado em 2013, que visa banir o uso do véu islâmico na Suíça, e foi o principal promotor da legislação de 2009 que proibiu a construção de minaretes em mesquitas – uma medida condenada internacionalmente.
Durante a campanha, os nacionalistas não pouparam palavras para descrever o que chamaram de "abusos no sistema de asilo" e "imigração desmedida". "Nos últimos anos, solicitantes de asilo foram 15 vezes mais criminosos do que o povo suíço", afirmou num comício recente o chefe do SVP Toni Brunner.
Um dos temas mais sensíveis entre os suíços é a implementação dos resultados do referendo de fevereiro do ano passado, que determinou um prazo de três anos para o estabelecimento de um teto para a entrada de imigrantes por nacionalidade, e a renegociação do tratado de livre-circulação com a União Europeia.
RPR/dpa/ots