Crise grega
22 de junho de 2011Anúncio
Giorgos Flessas é um empresário exemplar e um verdadeiro "self-made man". Ele construiu sua fortuna com esforço próprio, criando seu grupo empresarial, atuante em áreas de publicidade e relações públicas e com filiais no sudeste da Europa.
Como muitos, ele também espera só o pior em relação à crise grega e teme que a recessão dure no país pelo menos de cinco a dez anos. Segundo ele, os motivos são a falta de ímpeto para o crescimento e a má distribuição dos encargos originados pela crise.
Quem é culpado pela desgraça?
"A maior injustiça é a impotência do Estado contra a evasão fiscal", reclama o empreendedor ateniense. "Enquanto funcionários públicos, empregados de firmas privadas e aposentados não têm outra opção a não ser pagar imposto sobre sua renda, outros grupos profissionais como, por exemplo, autônomos, continuam a ser poupados", protesta.
Flessas acha que os pequenos empresários não são totalmente inocentes. "Sobretudo pequenos negócios e profissionais liberais se movem em uma zona fiscal obscura, enquanto que as grandes empresas realizam suas contabilidades apropriadamente e também deixam-se ser examinados por auditores qualificados", diz.
Será, então, que os ricos não devem ser culpados pela situação econômica da Grécia, mesmo que a frustrada "geração dos 700 euros" do país culpe exatamente os mais abastados? E a transbordante vida noturna ateniense e os barcos de luxo na marina de Pireu, que chamam a atenção dos visitantes alemães?
Há ricos e ricos
Flessas alerta para conclusões precipitadas, pois a verdade, segundo ele, está no meio do caminho entre uma coisa e outra. "É claro que tudo isso é um indício da extensão da economia clandestina, mas é preciso também ter em mente duas coisas", avisa o executivo.
"A mentalidade dos gregos prefere economizar em comida ou em roupa, a sacrificar aquela bebida com os amigos", argumenta. E quanto às marinas, Flessas afirma que, devido à sua grande riqueza de ilhas, a Grécia atrai iates de todo o mundo, e muitos deles têm que ser estacionados em Pireu.
Panagis Karellas também pode ser considerado parte da elite econômica grega. Descendente de uma prestigiosa família de empresários que fez dinheiro na indústria têxtil, ele lidera a Câmara de Comércio de Atenas e também está procurando um novo início de carreira no setor de serviços. Mesmo antes da crise, a antes próspera indústria têxtil grega já não era mais competitiva. "A recessão agora já tomou conta do varejo", explica Karellas.
A política estraga os negócios
"No centro de Atenas, quase um em cada quatro lojas teve que fechar suas portas, porque os consumidores quase não têm dinheiro para fazer compras. E a paisagem urbana da capital grega no momento não é necessariamente um convite às compras. Por toda parte nos deparamos com comerciantes ilegais e mendigos", afirma. "Não é algo muito atraente para uma família com filhos", queixa-se Karellas.
Formado em economia, Karellas não se leva demasiado a sério. "Economia não é realmente uma ciência", costuma dizer. "Para mim, muita coisa depende da política, mas os políticos não reconheceram a gravidade da situação", diz.
"Essas pessoas tomam decisões que podem afetar a todos nós, mas ou eles estão ignorando a realidade ou nos escondem deliberadamente a verdade", alerta. "E isso se aplica a todos os políticos. Infelizmente, a luta pelo poder é o mais importante para eles."
Autor: Jannis Papadimitriou (md)
Revisão: Carlos Albuquerque
Revisão: Carlos Albuquerque
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