Brasil
19 de outubro de 2010No calor da corrida eleitoral rumo ao segundo turno, o presidente Lula entrou no clima de fim de mandato e já faz balanços de seu governo. A pouco mais de dois meses para o término de sua administração, Lula diz que vai entregar o cargo "com a sensação de dever cumprindo".
Em evento institucional, a inauguração das unidades de Coque e de Hidrotratamento de Diesel da refinaria da Petrobras em São José dos Campos, interior de São Paulo nesta segunda-feira (18/10), Lula seguiu o protocolo e não falou de campanha política. Mas não perdeu a chance de passar sua mensagem.
"Essa empresa que muita gente tentou vender, que muita gente tentou mudar o nome (…), essa empresa chega em 2010 se transformando na segunda empresa de petróleo do mundo, motivo de orgulho para cada um de nós, brasileiros", atacou Lula indiretamente os adversários políticos Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
Perto do fim
Acompanhado de José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, e do ministro de Minas e Energia, Marcio Pereira Zimmermann, Lula comparou a dimensão da produtora brasileira de petróleo aos seus oito anos de governo. "É importante dizer em alto e bom som, e repetir toda a hora: quando assumimos o governo, o valor patrimonial da Petrobras era de pouco mais de 15 bilhões de dólares. Hoje, o valor patrimonial da Petrobras é de apenas 220 bilhões de dólares", ironizou.
"Gente, isso aqui é um ato institucional, portanto a gente não pode falar de campanha aqui. Porque depois alguém escreve uma matéria e vem um processo…", lembrou Lula diante da plateia de trabalhadores que pedia para ele não deixar o governo.
Segundo o presidente, seu governo fez muito pelo Brasil, mas ainda há muito que ser feito porque, afinal, "não se consegue, em apenas oito anos, consertar os desmandos de 500 anos neste país com a parte mais pobre da população."
Lula disse ainda que, ao entregar a faixa no dia 31 de dezembro, entra para a história como o presidente que mais construiu universidades no país – o que ele chamou de contradição e de paradoxo, já que ele próprio não fez curso superior.
"Nós conquistamos a Copa do Mundo, conquistamos as Olimpíadas, e espero que possamos conquistar uma grande quantidade de medalhas", considerou Lula como parte de seus feitos a escolha do Brasil como sede dos eventos esportivos.
O peso da Petrobras
A importância da empresa é usada na campanha dos dois concorrentes a presidência, Dilma Rousseff e José Serra. A candidata do PT reforça os feitos da empresa e acusa o oponente de querer privatizá-la. Já Serra se defende, e promete fortalecer a Petrobras caso seja eleito.
Durante o evento, José Gabrielli falou que, quando assumiu a presidência da empresa, havia um planejamento que abriria caminho para a privatização da Petrobras. O plano reduzia a exploração petrolífera, desmembrava a área de refino, inibia investimentos entre outros.
A fabricante, que recentemente protagonizou a maior capitalização da história e se prepara para explorar o Pré-Sal, passou da capacidade de produção diária de 181 mil barris de petróleo em 1980 para 2 milhões de barris atualmente.
Nem só de petróleo
A refinaria de São José dos Campos é a mais nova da Petrobras, inaugurada em 1980. Atualmente, há outras quatro em construção. A unidade, que responde a 14% da produção de derivados de petróleo no Brasil, foi modernizada e hoje fornece diesel mais limpo, com redução das partículas de enxofre, segundo os padrões europeus.
Questionado sobre os investimentos em energia limpa, Gabrielli respondeu à Deutsche Welle: "Nós temos hoje, claramente, a maior perspectiva de crescimento de produção de petróleo, mas também somos, entre as petroleiras, uma das maiores na área na produção de biodiesel e etanol".
O presidente da Petrobras disse não ser correta a afirmação de que a Petrobras é uma empresa que só trabalha com petróleo, como frisado pela imprensa internacional. Segundo Gabrielli, há parcerias em andamento com o setor eólico no nordeste do Brasil. Mas ele não esconde o orgulho ao lembrar que foi o petróleo que colocou a empresa brasileira no topo do cenário internacional.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer