Em discurso, Trump pede unidade no Congresso
31 de janeiro de 2018Em seu primeiro pronunciamento ao Congresso americano sobre o Estado da União nesta terça-feira (30/01), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a unidade nacional e o reforço das fronteiras do país, pedindo uma "família americana unida". O discurso ocorreu após um ano de um governo bastante conturbado, permeado por escândalos, divisão e controvérsias.
"Esta noite, peço que deixemos de lado nossas diferenças para buscarmos terreno comum e invocar a unidade que precisamos entregar às pessoas que nos elegeram", disse o presidente aos membros do Congresso americano.
"Quero falar sobre o tipo de futuro que teremos e que tipo de nação seremos. Todos nós, juntos, como uma equipe, um só povo e uma só família americana", disse Trump, adotando um tom atipicamente conciliatório.
O presidente, no entanto, não deu nenhum sinal de que pretende ceder em relação à redução da migração que defende e que é tema de grandes discussões no Congresso.
De olho nas eleições legislativas em novembro e tentando agradar sua base conservadora, Trump mencionou diversos temas que desagradam a oposição democrata, como o muro na fronteira com o México e novas restrições à entrada no país de familiares dos migrantes que vivem em condições legais nos EUA.
O magnata de 71 anos exaltou os avanços da economia durante seu governo, destacando que o mercado de ações vem atingindo "um recorde após o outro". Ele voltou a defender uma postura mais rígida de seu país no mercado internacional, dizendo que "a era da rendição econômica chegou ao fim".
"Os Estados Unidos viraram a página após décadas de acordos comerciais injustos que sacrificavam nossa prosperidade e mandavam nossas empresas, empregos e nossa riqueza para o exterior", afirmou. "Estamos recuperando tudo isso muito rapidamente."
Ambição "imprudente" da Coreia do Norte
Ao mencionar uma variedade de temas sobre a política externa, ele denunciou o "caráter depravado" do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e alertou que a ambição nuclear "imprudente" da Coreia do Norte poderá "muito em breve" ameaçar o território americano.
"Travamos uma campanha de pressão máxima para evitar que isso aconteça", disse. Num dado momento, ele apontou para o desertor norte-coreano Ji Seong-ho, ovacionado pelos presentes, citando-o como um exemplo do que chamou de natureza brutal do regime de Pyongyang.
Trump utilizou o discurso de uma hora e 20 minutos para tentar aplacar algumas dúvidas sobre sua presidência, mas evitou tratar do escândalo em torno da suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e o possível vínculo de Moscou com a campanha que o levou à Casa Branca.
As suspeitas resultaram na abertura de uma investigação por parte de uma comissão liderada pelo procurador especial Robert Mueller. O presidente, porém, não fez qualquer alusão às denúncias ou às investigações.
O líder americano disse ter assinado uma ordem para manter em funcionamento a prisão militar em Guantánamo para suspeitos de terrorismo, revogando mais uma política adotada por seu antecessor, Barack Obama, que tentou fechar o local, alvo de denúncias por parte de organizações de defesa dos direitos humanos.
Recorde no Twitter
Uma pesquisa realizada pela CNN após o pronunciamento apontou que 48% da população teve uma impressão "muito positiva" do presidente. No primeiro discurso sobre o Estado da União de Obama, esse índice foi de 57%. A emissora afirmou que o percentual de aprovação é o mais baixo registrado desde o início do levantamento, em 1998.
O Twitter anunciou que o discurso de Trump se transformou no tema mais compartilhado na história da rede social, com 4,5 milhões de mensagens com as hashtags #SOTU (sigla em inglês do nome do discurso) e #Jointsession ("sessão conjunta"), em referência à reunião da Câmara dos Representantes e do Senado para ouvir o presidente. A mensagem mais retuitada foi a que trazia um link para assistir o discurso ao vivo.
O recorde anterior também era de Trump, com 3 milhões de compartilhamentos, alcançado em fevereiro do ano passado na ocasião de sua fala ao Congresso.
RC/afp/rtr/efe
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