1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Governo revoga decreto sobre reserva na Amazônia

29 de agosto de 2017

Apesar da revogação, governo mantém extinção da reserva. Ministros do Meio Ambiente e Minas e Energia anunciam novo decreto para detalhar mudanças nas regras para a mineração na região.

https://p.dw.com/p/2izty
Governo manteve extinção da reserva em novo decreto
Governo manteve extinção da reserva em novo decretoFoto: Getty Images/M. Tama

Em meio a críticas por ter liberado uma reserva na Amazônia para exploração mineral,o governo brasileiro apresentou nesta segunda-feira (28/08) um novo decreto para detalhar as mudanças nas regras para a exploração da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na Amazônia. A extinção da reserva, porém, foi mantida.

Para apresentar o novo decreto, o governo revogou o publicado na semana passada. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que o novo texto esclarece ponto a ponto a extinção da reserva. O maior detalhamento do texto visaria preservar as reservas indígenas e de conservação ambiental existentes na região e impedir a exploração de minérios de forma ilegal na área.

Leia também: A máquina que move o desmatamento da Amazônia

Ao lado de Coelho Filho, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, ressaltou que apesar de extinguir a reserva, o novo decreto garantirá a preservação das áreas de conservação. Ele rebateu ainda as críticas à extinção.

"Foi entendido pela maioria da sociedade que estávamos afrouxando as regras contra desmatamento da Amazônia, que estaríamos abandonando a Amazônia. E isso não corresponde à realidade, pelo contrário", disse Sarney Filho.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, o novo decreto proibirá qualquer tipo de extração mineral em áreas indígenas e de conservação, com exceção para planos de manejo. A norma também proíbe a concessão do direito de exploração a quem participou de mineração ilegal na região da extinta Renca.

Seis por meia dúzia

Após a publicação do novo decreto, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse ao G1 que a manobra do governo era uma tentativa de enganar a sociedade brasileira e a comunidade internacional.

"O novo decreto, na prática, não muda nada. Mantém a extinção da Renca, vulnerabilizando áreas indígenas e a floresta Amazônica. Mantém a ameaça de mineração nessas áreas, em oito unidades de conservação e duas reservas indígenas", ressaltou.

Após mais de 30 anos fechada à atividade de mineração, o governo federal publicou na última quarta-feira o decreto que extinguiu a Renca. A decisão de permitir a exploração mineral na região, maior que o território da Dinamarca, foi alvo de críticas de ambientalistas e da imprensa internacional.

A modelo Gisele Bündchen publicou uma imagem em seu Twitter convocando os brasileiros a dizerem não ao abrandamento da proteção da floresta tropical e a "mostrar ao governo que não estamos de acordo com o fatiamento da Amazônia para exploração".

A reserva, criada em 1984, ainda durante a ditadura militar, possui cerca de 47 mil quilômetros quadrados e está localizada na divisa entre o sul e sudoeste do Amapá com o noroeste do Pará. Apesar de trazer cobre no nome, a região tem alto potencial para exploração de ouro, além de tântalo, minério de ferro, níquel, manganês e outros minerais nobres.

Em sua defesa, o presidente Michel Temer disse que a meta não é apenas dar força à indústria da mineração, mas também controlar uma atividade já praticada por mineradoras ilegais que usam métodos destrutivos e contaminam rios com mercúrio.

CN/abr/ots