Em nova doutrina militar, Putin vê expansão da Otan como ameaça para Rússia
26 de dezembro de 2014O presidente russo, Vladimir Putin, assinou uma nova doutrina militar que nomeou a Otan como um dos maiores riscos externos para seu país, informou o Kremlin nesta sexta-feira (26/12). A decisão ocorre dias depois de a Ucrânia dar passos importantes no objetivo de se unir à aliança militar.
O documento condena o "reforço das capacidades ofensivas da Otan diretamente nas fronteiras da Rússia e as medidas tomadas para implementar um sistema de defesa antimíssil global" na Europa Central.
O documento é divulgado após repetidos protestos de Moscou sobre a decisão da Otan de posicionar tropas nos países-membros da aliança, como Polônia e países bálticos, que têm fronteiras com a Rússia. O Kremlin também se opõe ao plano da Otan de basear seu escudo de defesa antimísseis na Europa Central, que Moscou vê como uma medida dirigida principalmente contra a Rússia.
Poucas horas depois de Putin aprovar a nova doutrina de segurança, a porta-voz da Otan, Oana Lungescu, negou categoricamente que a aliança militar ocidental seja uma ameaça para qualquer país.
"Quaisquer medidas tomadas pela Otan para garantir a segurança dos seus países-membros são claramente de natureza defensiva, adequadas e em conformidade com o direito internacional", afirmou Lungescu.
Em uma postagem no Twitter, ela escreveu que "na verdade, as ações da Rússia, incluindo a realizada atualmente na Ucrânia, violam o direito internacional e minam a segurança europeia".
Tom áspero
O tom mais áspero da doutrina também segue a decisão aprovada quarta-feira pelo Parlamento da Ucrânia de abandonar seu status de país não alinhado, um ato simbólico que irritou Moscou por potencialmente abrir caminho para Kiev solicitar a adesão à Otan. O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, descreveu a medida como "contraproducente" e acusou Kiev de, com ela, "alimentar ainda mais o clima de confronto".
Parte da doutrina militar da Rússia continua a ser a "dissuasão nuclear". O país se reserva no direito de usar armas nucleares em resposta a um ataque contra seu território ou contra aliados, assim como no caso de uma ameaça contra a "sobrevivência do Estado".
A doutrina afirma, ainda, que os maiores riscos internos são as atividades para desestabilizar a situação no país e ações terroristas.
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