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"Emma" – 25 anos de escândalo, polêmica e sucesso

Alessandra Andrade27 de janeiro de 2002

Publicação feminista alemã completa uma longa trajetória na luta pelos direitos da mulher.

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Em 1984, revista já abordava temas relacionados à febre das dietas

Ícone do feminismo na Alemanha, símbolo da emancipação para milhares de mulheres. Emma, a revista que surgiu para falar de mulher para mulher, completou 25 anos neste sábado (26), comemorando uma grande jornada de altos e baixos com sua artilharia eloqüente de críticas apimentadas, comentários ousados e idéias revolucionárias.

Entrando a toda no mercado, a primeira edição de Emma em 1977, com 200 mil exemplares, foi rapidamente esgotada. Logo de início, a revista não só abordava temas polêmicos, mas incorporava as causas feministas, induzindo as alemãs a partirem para o ataque. Um ano depois, assuntos como abuso sexual já ocupavam as páginas da publicação. Em 1984, suas reportagens alertavam para a febre dos regimes e durante 20 anos advertiu, quase que solitariamente, para a ameaça de fundamentalistas islâmicos.

Hoje, a revista é publicada a cada dois meses com uma tiragem de 600 mil exemplares. Durante todos esses anos, conseguiu atrair um público cativo de mulheres na faixa de 20 a 39 anos. No total, foram 247 edições que, nas palavras de Alice Schwarzer, "permitiram-lhe alcançar seus objetivos, que eram de promover a conscientização e o debate público sobre os temas abordados".

Atualmente Emma não só é a revista que "fala de mulher para mulher", como também é "a revista política para as mulheres". A mudança da linha editorial de Emma se deve ao fato de "temas como o movimento feminista já não serem mais tão importantes como antigamente. Hoje, igualdade salarial e possibilidades de ocupar cargos de liderança são questões em voga", explica Schwarzer.

Encrenqueira –

Na primeira vez em que o nome de Alice Schwarzer foi mencionado pela imprensa, já o relacionava a um grande escândalo para a época. Em 1971, ela afirmou publicamente ter feito um aborto. Suas palavras, registradas em uma reportagem da revista Stern, marcaram o início de sua popularidade como defensora dos interesses feministas.

Quebrando tabus e gerando polêmica, Schwarzer formou uma legião de admiradores e outra de críticos ferrenhos. Chegou a ser chamada de "inimiga número 1 dos homens", "maldosa frustrada" e "mulher-artilharia". Por outro lado, muitas pessoas a consideram um exemplo para a mulher contemporânea.

Segundo uma recente pesquisa de opinião do Instituto Allensbach, 20% dos homens a considera uma mulher-modelo e 76% da população acredita que ela seja importante para o movimento feminista.

Personalidades - Seus bombardeios já atingiram pessoas ilustres e até políticos importantes. Em um caso recente, a editora deu um conselho ao neocomunista Gregor Gysi (PDS), novo secretário de Economia, Trabalho e Mulheres de Berlim: "Se o secretário deseja realmente agir em defesa dos direitos das mulheres, precisa deixar a vida mansa e encarar uma dura realidade".

Schwarzer tem o que dizer até para a maior representante das mulheres na política alemã, Angela Merkel (CDU): "Ela parece ter acreditado que os homens esqueceram que ela é mulher. Merkel mesma parece ter tentado se esquecer disso, o que a tornou mais fraca e solitária."

Após todos esses anos dedicados à defesa da mulher, Schwarzer diz que está "otimista em relação aos homens, porque 30% acreditam na igualdade de direitos entre os dois sexos". Além disso, ela não se deixa abalar pelas intrigas e nem se incomoda com as críticas à revista. Ao contrário, a editora se orgulha de sua repercussão e afirma: "Na verdade, é até bom saber que, após 25 anos, Emma continua tão polêmica como em sua primeira edição."