Empresário nega ter presenciado pedido de propina em jantar
26 de agosto de 2021A CPI da Pandemia ouviu nesta quinta-feira (26/08) o empresário José Ricardo Santana, suspeito de ter participado de ações para fraudar licitações de compra de testes rápidos para covid-19 ao Ministério da Saúde no valor de R$ 1 bilhão e de envolvimento em episódios de tentativas de venda de vacina ao órgão — 20 milhões de doses da Covaxin, pela Precisa Medicamentos, e 400 milhões de doses da AstraZeneca, pela Davati.
Blindado por um habeas corpus, Santana negou-se a prestar o compromisso de dizer a verdade. Ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ele deixou o cargo em março de 2020.
Logo depois, foi convidado por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, para integrar a pasta, onde, segundo o depoente, trabalhou por curto período e sem salário, afirmação contestada pelos senadores.
Santana acompanhou Dias em um jantar no restaurante Vasto, em Brasília, no dia 25 de fevereiro. Segundo o representante da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, na ocasião, Dias pediu 1 dólar por vacina, em uma negociação que envolveria 400 milhões de doses. Em depoimento à CPI, Dias negou a acusação.
"Eu não sei qual foi o desfecho da conversa. Sei que foi um encontro, e eles foram embora. Não tenho mais lembranças sobre esse encontro", relatou Santana. "Eu não presenciei nenhum pedido de vantagem indevida”, acrescentou.
Santana vira investigado
Durante a sessão, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que Santana passou à condição de investigado pela comissão, atitude que, na prática, mostra que há indícios de crime.
Renan apontou Santana como intermediador da Precisa Medicamentos e acusou o depoente de ter trabalhado para favorecer a empresa em contrato de mais de R$ 1 bilhão na comercialização de testes para covid-19. O empresário negou ter sido contratado pela Precisa, mas disse conhecer o proprietário da empresa, Francisco Maximiano, e o diretor Danilo Trento.
Após quase seis horas de depoimento, em que Santana se negou a responder a maior parte dos questionamentos, a sessão foi encerrada.
le (Agência Senado, ots)