Empresa alemã investiga propina em contratos da Copa
23 de março de 2015A empresa alemã de engenharia e serviços Bilfinger SE investiga denúncias internas de que empregados de uma de suas subsidiárias teriam pago propina a funcionários públicos no Brasil. As alegações envolvem contratos para equipar centros de controle de segurança em 12 cidades-sede da Copa do Mundo.
Segundo o Portal da Transparência, a empresa recebeu 21,2 milhões de reais do governo federal no ano passado. Seus serviços incluíram a entrega de monitores e softwares para os centros de controle. Não está claro quem recebeu a propina e quais foram os valores.
O caso foi tornado público pelo tabloide alemão Bild am Sonntag. Em comunicado divulgado no domingo (22/03), a Bilfinger diz que recebeu informações internas no ano passado indicando a possibilidade de violações nos regulamentos de ética do grupo.
Como primeiro passo, a empresa contratou auditores da Ernst & Young para realizar uma sindicância abrangente em seus dados na Alemanha e no Brasil. E, posteriormente, solicitou os serviços da auditoria Deloitte e de um escritório de advocacia especializado no Brasil para esclarecer o incidente.
Em nota à DW Brasil, a empresa diz que a investigação será encerrada dentro das próximas semanas: "As suspeitas já foram substanciadas; a investigação, no entanto, ainda não está completa. O mesmo se aplica a questões de a quem e de quanto se referem os pagamentos realizados. Caso as alegações sejam confirmadas, a Bilfinger vai adotar medidas legais contra os funcionários envolvidos."
Governo apura denúncia
A denúncia do Bild am Sonntag diz que a Mauell – uma das subsidiárias do grupo – pagou mais de 20 milhões de euros em propina para obter os contratos para equipar os centros de controle para a Copa do Mundo. Além de funcionários públicos e políticos brasileiros, o jornal acusa a Fifa de ter recebido parte desse dinheiro.
Em nota enviada à DW Brasil, a Fifa afirmou que os centros de tráfego e segurança nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil eram projetos dos governos locais. A entidade máxima do futebol diz que nem ela nem seus empregados estiveram envolvidos na concessão de contratos pelas cidades-sede ou pelo governo federal.
"Tarefas como a regulação de tráfego, policiamento, serviços de combate a incêndios e salvamento são claramente responsabilidades das autoridades locais e, como tal, eles não pertenciam ou pertencem às áreas de responsabilidade e influência da Fifa", diz a nota da organização, que afirma ainda que lamenta não ter sido ouvida pelo jornal Bild am Sonntag para esclarecer as questões.
O Ministério da Justiça informou que, por determinação do ministro José Eduardo Cardozo, foram tomadas ainda no domingo providências como: análise interna e imediata do contrato e do procedimento licitatório; solicitação à empresa alemã para que forneça elementos e indícios que apontem possíveis irregularidades no processo licitatório e contratos; e pedido para que se instaure auditoria nos referidos contratos pela Corregedoria Geral da União (CGU).