1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Enchente faz CDU defender usinas atômicas

Marcio Weichert17 de agosto de 2002

Caso vença as eleições, partido líder nas pesquisas de intenção de voto quer abolir ato do governo social-democrata e verde que proíbe construção de novas usinas. Democrata-cristãos usam inundações como argumento.

https://p.dw.com/p/2ZCD
A usina atômica de Biblis, uma das 19 em operação na AlemanhaFoto: AP

A União Democrata Cristã (CDU) planeja claramente autorizar a construção de novas usinas atômicas na Alemanha em caso de vitória em 22 de setembro. Em entrevistas à edição dominical do jornal Bild, o de maior circulação no país, líderes democrata-cristãos defenderam a energia nuclear como opção para o combate ao efeito estufa, provocado pelas emissões de dióxido de carbono na atmosfera.

O governo social-democrático e verde de Gerhard Schröder tem apostado na substituição das poluentes usinas a carvão ou óleo, incentivando o uso de gás natural na produção de eletricidade, assim como energias renováveis, com destaque para a eólica e a solar.

A atual coalizão não considera a energia atômica uma alternativa, devido às graves conseqüências para a vida e o meio ambiente em caso de acidente. Neste sentido, o governo teve êxito na assinatura de um acordo com as companhias de energia nuclear para a desativação (lenta e) gradual das usinas atômicas.

O governo proibiu ainda a construção de novas unidades e programou o fim do envio de resíduos para reciclagem no exterior, obrigando a indústria nuclear alemã a construir depósitos para o lixo radioativo.

O atual verão atípico para a Europa - com muitos temporais - reabriu o debate. Embora alguns meteorologistas não considerem o fenômeno tão extraordinário, referindo-se a outros exemplos no passado, vários cientistas e o próprio ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Jürgen Trittin, do Partido Verde, responsabilizaram o aquecimento da Terra como provável causa das fortes chuvas que inundaram a Áustria, o sul e leste da Alemanha e a República Tcheca, nos últimos dias.

A oposição aproveitou a deixa. "Chernobil não pode servir de argumento para sempre. Se for necessário, vamos ter de construir novas usinas atômicas para reduzir as emissões de gases", defende Wolfgang Böhmer (CDU), governador da Saxônia-Anhalt, um dos estados atingidos pela inundação. "Somos a favor da continuidade do uso e desenvolvimento da energia nuclear", enfatiza Dirk Fischer, presidente da CDU de Hamburgo. Günther Oettinger, líder da bancada estadual da CDU em Baden-Württemberg, reforça: "A construção de uma nova geração de usinas atômicas tem de ser possível."

A publicação das declarações no jornal de maior circulação do país inevitavelmente recolocará o tema na pauta da campanha para as eleições federais de 22 de setembro. O assunto havia ficado de lado, depois de, há alguns meses, empresários do próprio setor energético haverem descartado a hipótese de voltarem atrás no acordo de desativação das usinas nucleares assinado com o atual governo.