Energia do deserto deve abastecer a Europa
19 de outubro de 2012Na edição de sábado do Futurando vimos o impacto dos desertos sobre o clima. Mas eles não têm apenas aspectos negativos. Os desertos podem ser também uma solução para a produção de energia.
Os desertos do planeta recebem, em seis horas, mais energia do Sol do que a quantidade de energia consumida pela população mundial em um ano. Isto é o que o fundador da empresa Desertec, Gerhard Knies, costuma dizer. Para abastecer comunidades com eletricidade oriunda do deserto, seria necessário aumentar em somente três milésimos o número de coletores solares em todo o mundo.
Esta energia seria distribuída por milhares de quilômetros sem grandes perdas. Assim, eletricidade poderia ser levada do norte da África para a Europa, abastecendo, inclusive, a própria região de origem.
Para que esta ideia seja concretizada algum dia, foi criada a Fundação Desertec. O carro-chefe da organização é o Dii, uma iniciativa para o setor das indústrias, que conta com a adesão de grandes grupos alemães, como Siemens, Deutsche Bank, a seguradora Münchner Rück assim como os conglomerados do setor energético Eon e RWE. Mais de 55 empresas, não somente da Alemanha, mas do norte da África, apoiam o Dii.
Viabilidade
O plano da Dii é conciliar aspectos técnicos, ecológicos, políticos e regulatórios para estimular investimentos em produção de energia no deserto. Usinas termossolares, unidades fotovoltaicos e eólicas e redes de transmissão terão que ser construídas entre o norte da África e a Europa.
Levar energia do deserto para a Europa é possível sob o ponto de vista técnico. Há algumas décadas, isto já está sendo feito no deserto da Califórnia, nos Estados Unidos.
Eletricidade também pode ser transportada por dezenas de milhares de quilômetros através de uma rede de corrente contínua de alta tensão, com perdas relativamente pequenas no trajeto. A iniciativa da Desertec prevê redução de custos na construção de usinas de energia em larga escala. Até 2050, parte do mercado regional africano deverá ser abastecido com fontes renováveis de energia. O Dii também tem o objetivo de, naquele mesmo ano, estar fornecendo 17% da energia consumida na Europa.
Primeira etapa
Em julho último, o ministro alemão de Economia e Tecnologia, Philipp Rösler, e o ministro marroquino para Água, Minas, Energia e Meio Ambiente, Fouad Douiri, colocaram em vigor um acordo bilateral que tem como objetivo fundamental o apoio ao Desertec. A experiência no Marrocos vai servir de referência para que todo o projeto seja testado, principalmente para saber se a exportação da energia para a Europa é viável. Já existe uma ligação de redes de transmissão de energia entre Marrocos e Espanha.
A iniciativa atualmente conta com projetos também na Argélia e na Tunísia com capacidade instalada de 2,5 gigawatts. Metade do projeto já foi detalhado com 150 megawatts de energia termossolar, 100 megawatts de energia fotovoltaica e eólica. A produção de energia nestas unidades deve começar em 2014.
Autora: Insa Wrede (mp)
Revisão: Roselaine Wandscheer