Energia elétrica para os vilarejos andinos no Peru
14 de agosto de 2012Nos Andes, próximo à linha do Equador, o sol se põe às 18h. A noite dura 12 horas, com pequenas variações ao longo do ano. Em Lima ou Quito, como em qualquer outra grande cidade, anoitecer não é problema. Basta acender a luz. Mas em alguns povoados nos Andes a coisa não é tão simples. Regiões remotas geralmente não são ligadas à rede elétrica.
O problema de falta de energia não afeta apenas a América do Sul. Em todo o mundo cerca de 1,6 bilhão de pessoas não tem acesso à eletricidade. Uma vida que os habitantes na Europa ou na América do Norte não conhecem há mais de um século; uma vida que se alinha com a mudança das estações, de acordo com o nascer e o pôr do sol.
Os principais atingidos com a falta de energia elétrica são os moradores de regiões distantes dos centros urbanos. O dilema da periferia é conhecido – e pode ser resolvido com a expansão das energias renováveis, utilizadas localmente.
Painéis solares, nos telhados de cabanas, em países em desenvolvimento, já não são mais raridade há algum tempo. Agora é a vez das miniturbinas eólicas atenderem à demanda por eletricidade de famílias e pequenos empreendimentos agrícolas. Elas são de fácil utilização e limpas, ou seja, sem emissão de CO2.
"Pequenas turbinas eólicas são uma oportunidade real para os países em desenvolvimento", diz Ulf Gerder, da associação alemã para energia eólica BWE. Na Mongólia, por exemplo, os pequenos geradores são, na maioria das vezes, a única fonte de energia dos nômades, e os cata-ventos são tão pequenos que podem ser transportados a cavalo.
Desenvolvimento precisa de energia
A energia é condição para o desenvolvimento econômico. Pessoas em países pobres muitas vezes dependem de geradores a diesel ou de baterias para produzir energia – uma alternativa não apenas cara como também prejudicial ao meio ambiente. Com as miniturbinas eólicas, o combate à pobreza e a proteção do clima se unem de forma eficaz.
Com esse objetivo, a organização não governamental Green Africa trabalha no leste africano para instalar pequenas turbinas eólicas, especialmente no Quênia, no Burundi e em Ruanda. "O acesso à eletricidade tem impacto positivo em muitas áreas da vida cotidiana", diz Kefa Rabah, da Green Africa.
As pessoas passaram a recarregar a bateria de seus celulares em casa, por exemplo. Antes, precisavam caminhar quilômetros, até a cidade mais próxima, para fazê-lo. Em muitas regiões do continente africano, a telefonia móvel é a única possibilidade de comunicação.
Até as oportunidades em educação melhoraram com o acesso à energia elétrica, diz Rabah. "Os filhos de pastores de cabras, que só voltam para casa quando anoitece, agora podem ler e fazer o dever de casa à noite."
Miniturbinas eólicas
Na província norte peruana de Cajamarca, novos ventos sopram graças ao apoio da ONG Soluciones Practicas. Os pequenos cata-ventos atendem ao consumo diário de 0,3 kWh, de mais de 4 mil famílias.
Para que os próprios moradores possam cuidar da manutenção dos geradores, em cada localidade há técnicos capazes de trocar as baterias dos cata-ventos e realizar reparos. Além disso, a ONG montou um centro de treinamento para energias alternativas, com o objetivo de exportar o modelo bem-sucedido para outras regiões.
As pequenas turbinas eólicas não fornecem apenas energia limpa – elas oferecem às pessoas nos cantos mais remotos do planeta a possibilidade de passar da periferia ao centro. Na região andina de Cajamarca já foi levada luz à escuridão.
Autora: Nele Jensch (ff)
Revisão: Alexandre Schossler
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