Engrossa coro alemão contra uma guerra
17 de janeiro de 2003É cada vez menos provável um sim da Alemanha a uma guerra, no Conselho de Segurança da ONU, disse o ministro alemão da Defesa Peter Struck, em Berlim, nesta sexta-feira (17), um dia após a notícia do achado da Comissão de Controle da ONU (Unmivic). O político do Partido Social Democrático (SPD) admitiu, ao mesmo tempo, que o governo alemão ainda não tomou uma decisão definitiva. O ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, do Partido Verde, vai pedir mais tempo para os inspetores de armas da ONU, na reunião do Conselho de Segurança em Nova York, segunda-feira (20). Fischer quer discutir a questão também com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
O governo do chanceler federal Gerhard Schröder continua se esforçando para não adiantar a posição a respeito de uma possível nova resolução do Conselho de Segurança sobre o Iraque, pois isso poderá lhe criar uma situação política difícil dentro e fora do país. O porta-voz do governo, Thomas Steg, confirmou que a Alemanha se empenha para conseguir mais tempo para os inspetores de armas da ONU no Iraque. No momento, existe uma discussão sobre isso entre os Estados Unidos e outros membros do Conselho de Segurança.
Steg não quis adiantar como seria o voto da Alemanha sobre uma resolução que justificasse uma guerra. Ele qualificou como "uma avaliação pessoal" a opinião do ministro da Defesa sobre uma improbabilidade maior de um sim alemão a uma guerra para desarmar o Iraque e destituir o seu presidente Saddam Hussein, como planejam os EUA. A Alemanha não definiu o seu voto porque ainda não chegou o momento, segundo o porta-voz. O chefe de governo pronunciou-se no mesmo sentido. Um membro do governo americano teria advertido Berlim para um não à guerra.
Pressão de todos os lados
As pressões partem de todos os lados. Nos últimos dias, dois ministros do SPD, partido presidido pelo chefe de governo - Manfred Stolpe e Heidemarie Wieczorek-Zeul - advertiram para que o governo não amoleça o categórico não que Schröder disse a uma guerra durante a campanha eleitoral de setembro de 2002. Isso gerou a pior crise nas relações teuto-americanos do pós-guerra. O presidente George W. Bush nem deu os parabéns formais a Schröder pela vitória eleitoral.
Depois de um período de distensão, o ministro alemão da Defesa admitiu agora que as relações bilaterais estão afetadas. "Não se pode negar que está muito difícil no momento", disse Struck.
Pró e contra a guerra
A presidenta do Partido Verde, Angelika Beer, pressupôs que o governo alemão não diria sim a uma segunda resolução do Conselho de Segurança que justificasse uma guerra contra o Iraque. "Não podemos conceber que a Alemanha diga sim, porque não queremos essa guerra", afirmou ela, acrescentando "somos contra".
O líder da União Democrata-Cristã (CDU), o maior partido de oposição alemão, Wolfgang Schäubler, ao contrário, defendeu o apoio alemão à guerra cada vez mais provável. "Se não tiver outro jeito, a Alemanha deveria votar a favor de uma segunda resolução", disse ele, apelando ao governo alemão para adotar uma posição conjunta com os aliados no Conselho de Segurança e não rejeitar desde já uma nova resolução na ONU.
A Alemanha assumiu este mês um dos 15 postos de membros não permanentes do grêmio máximo da ONU e a presidência da Comissão de Sanções contra o Iraque.