Entra-e-sai de brasileiros
1 de fevereiro de 2008Um inusitado entra-e-sai de jogadores brasileiros marcou a pausa de inverno da Bundesliga, cujo returno começa nesta sexta-feira (01/02) com a partida entre Hansa Rostock e Bayern de Munique.
Por alguns dias, os clubes alemães chegaram a ter um recorde de 34 jogadores brasileiros nos seus plantéis. Mas várias saídas fizeram o número diminuir – oficialmente – para 30. Oficialmente porque o Duisburg ainda não confirmou a já acertada saída de Aílton. Ainda assim, o total é maior que os 27 craques que começaram a temporada.
"O número aumentou devido à técnica do jogador brasileiro, que é muito boa. Por isso os alemães trazem muitos brasileiros para cá. E cada dia chegam mais jogadores", avalia o volante Tinga, do Borussia Dortmund.
Para o repórter Hardy Hasselbruch, que cobre futebol internacional para a revista Kicker, é natural a Alemanha trazer jogadores de futebol do Brasil. "Os brasileiros possuem técnica e ainda oferecem aos espectadores aquela magia de jogar futebol que em grande parte já se perdeu aqui na Alemanha".
Mais caro que Luca Toni
A série de contratações foi aberta pelo Bayern de Munique, que ainda em dezembro passado trouxe Breno, revelação do São Paulo. Segundo especulações da imprensa, o zagueiro de apenas 18 anos teria custado 12 milhões de euros aos cofres bávaros. O valor é superior ao que o Bayern gastou com Luca Toni, uma de suas principais estrelas.
O Schalke assinou com Zé Roberto, ex-Botafogo, e o Hertha Berlim trouxe da Suíça o atacante Raffael. Quem também investiu forte foi o Eintracht Frankfurt, que contratou Caio, artilheiro do Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2007. Caio custou cerca de 4 milhões de euros ao Frankfurt, uma das mais caras contratações da história do clube. Ele veio para o lugar de Albert Streit, que foi para o Schalke.
Em seis meses, 44 minutos
A lista de despedidas é maior. O fracasso mais grandioso da temporada foi a contratação de Carlos Alberto pelo Werder Bremen. O jogador vindo do Fluminense por 7,8 milhões de euros – a aquisição mais cara da história do Werder – jogou, em seis meses de Bundesliga, 44 minutos. Ganhou as manchetes esportivas em novembro, ao brigar num treino com o marfinense Sanogo. Em janeiro, o Werder acabou emprestando Carlos Alberto para o São Paulo por seis meses.
Já a saída de Gilberto do Hertha Berlim se arrastou por semanas. Nesta quinta-feira, foi desmentida e novamente confirmada em poucas horas. Gilberto teria sido reprovado nos exames médicos feitos pelo Tottenhaum Hotspur, da premier league. Mas o lateral da seleção brasileira acabou indo para o clube inglês após seu contrato ser reduzido de dois anos e meio para um ano e meio. O Hertha deverá receber cerca de 2,8 milhões de euros com a transferência de um jogador que, na metade do ano, teria passe livre.
Treino é treino, jogo é jogo
No Duisburg, Roque Júnior pediu para deixar o clube. "Fisicamente ele não está mais nas melhores condições", lembra Hasselbruch. Já Aílton foi dispensado depois de faltar ao primeiro treino após o recesso de inverno. O artilheiro alegou estar gripado. "O atraso foi a gota d'água", disse o presidente do clube, Walter Hellmich. Em oito jogos, o atacante marcou um gol.
Aílton desabafou em entrevista ao jornal Bild. "Aqui [na Alemanha] há sempre uma grande confusão quando se chega atrasado. É sempre treino, treino. Por que eu devo dar 100% de segunda a sexta? Um gol no sábado é melhor do que cem nos treinos. Só na Alemanha é o contrário."
O Stuttgart cedeu Ewerthon para o Espanyol Barcelona. O brasileiro, que foi campeão alemão com o Borussia Dortmund em 2002, havia retornado à Alemanha no início desta temporada. Quem também deixou o clube – mas permaneceu na Bundesliga – foi o zagueiro Gledson. Ele retornou ao Hansa Rostock.
Diego sai ou não sai?
Forte foi a especulação em torno de uma possível transferência do brasileiro de maior destaque na Bundesliga, o meia Diego. Eleito em duas temporadas consecutivas o melhor jogador do primeiro turno pelos próprios colegas, Diego teria proposta para trocar o Werder Bremen pelo Real Madrid ou pela Juventus.
O próprio pai do jogador declarou à revista Der Spiegel que o Werder Bremen é apenas uma etapa intermediária na carreira de Diego. "Não falta mais muito para Diego também jogar no Real Madrid." Diego desmentiu a revista, mas essa não foi a primeira vez que seu pai teria falado no sonho de levar o filho para o futebol espanhol.
O Real Madrid divulgou que nunca teve interesse no jogador. Para Hasselbruch, se houve mesmo uma proposta, ela mostra que Diego fez um bom negócio ao trocar Portugal pela Alemanha. "No Porto, ele não estava nada bem. Ele certamente não se arrepende de ter vindo para a Alemanha."
A direção do Werder Bremen disse que Diego não sai do clube ao menos até o final da temporada. Já o diretor esportivo Klaus Allofs brincou com as freqüentes declarações do pai do jogador: "Por sorte, o Werder tem um contrato com Diego e não com o pai dele".