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Entre bombas e câmeras

(df/sv)22 de agosto de 2006

Polícia alemã identifica segundo suspeito de atentado fracassado, que foge e consegue deixar o país. Bombas deixadas nos trens reavivam debate sobre a vigilância eletrônica no país.

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Imagens mostram dois suspeitos na estação central de ColôniaFoto: AP

De acordo com informações divulgadas por órgãos da imprensa alemã, o segundo homem suspeito de ter planejado dois atentados a bomba nas cidades de Dortmund e Koblenz foi localizado pela polícia do país.

Segundo a revista Stern, trata-se de um libanês de 20 anos, chamado Jihad Hamad, que teria escapado da detenção na madrugada desta terça-feira (22/08) e teria deixado o território alemão logo em seguida. As informações são de que o suspeito vive em Colônia.

Depois de ter afirmado após a detenção do primeiro suspeito, Youssef Mohammad, no último sábado (19/08), em Kiel, que os investigadores sabiam "muito pouco" a respeito do segundo envolvido nas tentativas de atentado, o diretor do Departamento Federal de Investigações, Jörg Ziercke, declarou na última segunda-feira que estava "muito otimista" em relação à possível identificação do segundo suspeito.

Alerta veio do Líbano

Terror Deutschland Mutmaßlicher Bombenleger beim BGH vorgeführt
Primeiro suspeito, detido em KielFoto: picture-alliance/ dpa

A informação que levou à detenção de Youssef Mohammad chegou à polícia alemã através do serviço secreto libanês, que registrou por meio de uma escuta telefônica a conversa entre o suspeito e sua família no Líbano, logo depois que este havia visto seu rosto registrado pelas câmeras na TV. A família do suspeito vinha sendo observada pelo serviço de inteligência libanês por ser considerada "problemática".

Os motivos que levaram os dois jovens libaneses a planejar os atentados ainda não estão claros. O caso dos atentados fracassados em Kiel reavivou na Alemanha a discussão sobre a legitimidade e a eficácia da vigilância eletrônica no espaço público. As leis do país limitam a vigilância, mas a tendência é que a legislação venha a ser modificada gradualmente.

Até mesmo a chanceler federal, Angela Merkel, reafirmou em entrevista coletiva à imprensa concedida na última segunda-feira (20/08), que "certamente ningém no país pode duvidar da importância das câmeras" na procura de criminosos ou terroristas.

Rede ferroviária: desafio para a segurança

Um dos desafios para a segurança pública continua sendo a rede ferroviária do país, que não tem como contar com um esquema de rastreamento de bagagem e passageiros tão detalhado como os aeroportos.

"Estamos falando de uma dimensão completamente diferente ao falar da malha ferroviária. Operamos com 33 mil trens de passageiros diariamente, de forma que não temos como rastrear as bagagens de cada um como as companhias aéreas fazem", observa Volker Knauer, porta-voz da Deutsche Bahn.

Perda de responsabilidade civil

Überwachungskameras auf dem Bahnhof
Câmeras por todos os lados: avalanche de imagens arquivadasFoto: picture-alliance/ dpa

Apesar dos aspectos de prevenção, a vigilância através de câmeras de vídeo provoca também efeitos indesejados, acreditam especialistas. Leon Hempel, sociólogo da Universidade Técnica de Berlim e autor de publicações sobre o assunto, acredita que confiar "somente em uma solução tecnológica para combater o terrorismo ou a criminalidade é perigoso. A conseqüência indesejada dos circuitos internos de TV é o fato de que as pessoas começam a partir do princípio de que a câmera está ali para registrar os crimes e passam a não prestar mais atenção nem noticiar qualquer coisa suspeita. Isso leva a uma perda da responsabilidade civil".

Excesso de imagens

Outro grande problema dos circuitos de vigilância por câmeras é a avalanche de imagens que elas produzem e que, muitas vezes, acabam nem sendo vistas e avaliadas por especialistas.

Mesmo que políticos e forças policiais concordem que as câmeras são necessárias, aumentar o número delas não significa ter mais segurança, alerta o especialista Martin Kampel, da Universidade de Viena, no semanário Der Spiegel. "Quanto mais câmeras há, menos se olha o material gravado por elas", lembra.