Expo 2008
16 de junho de 2008A Expo 2008 em Saragoça abriu suas portas ao público neste sábado (14/06). Até 14 de setembro, cem países se apresentarão em 140 pavilhões, com cerca de 5 mil apresentações, um festival de curta-metragens e discussões envolvendo aproximadamente 2 mil especialistas acerca de um tema central: a água e o desenvolvimento sustentável.
As conclusões de todo este trabalho reflexivo serão posteriormente submetidas a instituições como o Banco Mundial, a fim de garantir que tanta informação seja útil para a criação de políticas públicas sobre o uso da água.
Experiência multimídia
O pavilhão alemão, intitulado Wunderbar, combina informação e entretenimento, fazendo uso de tecnologias inovadoras numa espécie de "viagem ao maravilhoso mundo da água", nas palavras dos organizadores.
Abordo de um bote especial, os visitantes viajam por um labirinto aquático, enquanto assistem a apresentações multimídia sobre a origem e os segredos da água, bem como sobre os perigos que o uso irracional dos recursos hídricos esconde.
Além disso, são apresentados os avanços tecnológicos utilizados por indústrias alemãs no cuidado com a água, bem como maneiras de lidar com catástrofes naturais, tais como enchentes e inundações, e um panorama geral de como melhor administrar do recurso natural.
Paradoxo espanhol
Entretanto, a realização do evento na Espanha está sendo fortemente criticada por organizações ambientais. Se, por um lado, a Espanha sofre como nenhum outro país europeu com a falta d'água, com períodos de seca cada vez maiores se alternando com tempestades violentas, por outro, seu consumo de água é significativamente maior que o do restante da Europa.
Por mais que o pavilhão espanhol realce os rios e a rica paisagem andaluzes e parques naturais como Guadalquivir e Doñana, no seco sul do país a realidade é marcada pelo desperdício de água para regar campos de golfe e pelo uso de pesticidas na agricultura.
Diversas organizações participam da exposição internacional, mas muitas recusaram o convite, entre elas o Greenpeace, preocupado que sua presença pudesse ser instrumentalizada para limpar a consciência ecológica do evento.
Julio Barea, porta-voz do organização não-governamental, citou como exemplo o fato de que, a poucos quilômetros de Saragoça, em uma das regiões mais secas da Espanha, o governo pretende ampliar a agricultura irrigada.
Na mesma região, há planos para a construção de hotéis, casinos e campos de golfe, além de dois parques aquáticos. "Simplesmente não faz sentido. Como é possível falar em desenvolvimento sustentável e empreender projetos como estes?", critica Barea.
Poucas semanas antes da inauguração, chuvas fortes haviam causado a inundação de um trecho do rio Ebro, afetando uma pequena parte das instalações do evento. Segundo Barea, a construção em áreas onde haja risco de inundação é muito limitada. "Mesmo assim, a Expo foi montada nas margens do Ebro. Faz-se assim um evento sobre água e desenvolvimento sustentável e destrói-se parte da paisagem natural."