Erdogan diz que correspondente preso é agente alemão
3 de março de 2017Em respostas às críticas sobre a prisão do jornalista teuto-turco Deniz Yücel, o presidente Recep Tayyip Erdogan acusou nesta sexta-feira (03/02) o correspondente do jornal Die Welt de ser um agente alemão e integrante do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"Não foi [preso] porque é correspondente do 'Die Welt'. Foi porque esta pessoa se escondeu na Embaixada da Alemanha como membro do PKK e agente alemão por um mês. Quando pedimos para que ele fosse entregue para ser julgado, eles se recusaram", disse Erdogan durante um evento em Istambul.
Uma fonte do Ministério do Exterior da Alemanha disse que a acusação sobre Yücel ser um agente alemão é um absurdo, segundo a agência de notícias Reuters.
Erdogan criticou ainda as autoridades alemãs por terem impedido a realização de comícios em que ministros turcos pretendiam dirigir-se à comunidade turca residente no país, mas permitirem que dirigentes curdos falem livremente.
Mais cedo, o porta-voz do Ministério alemão do Exterior, Martin Schäfer, reiterou que o governo federal não tem nenhuma responsabilidade sobre os cancelamentos dos eventos. As decisões de suspender os comícios foram tomadas por autoridades locais.
Noevento de campanha cancelado nesta quinta-feira em Gaggenau, por alegados motivos de segurança, e no rejeitado em Colônia, um ministro turco buscaria apoio para a introdução do sistema presidencial na Turquia, a ser decidida num referendo constitucional marcado para 16 de abril.
O cancelamento do evento em Gaggenau, assim como a suspensão de uma reunião entre os ministros da Justiça turco, Bekir Bozdag, e alemão, Heiko Maas, e a rejeição da cidade de Colônia em receber o ministro turco da Economia, Nihat Zeybekci, representam novos entraves nas já estremecidas relações entre Berlim e Ancara.
Nos últimos dias, a prisão na Turquia de Yücel acirrou as tensões diplomáticas entre Berlim e Ancara, sendo duramente criticada por governo, políticos e intelectuais alemães. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, exigiu a liberdade do jornalista.
CN/rtr/lusa