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PolíticaTurquia

Erdogan diz que vai deixar o governo após mais de 20 anos

9 de março de 2024

Presidente da Turquia diz que eleições regionais deste ano serão suas últimas. No poder desde 2003, ele é criticado por solapar liberdades civis, pela brutal repressão aos opositores e por manter uma postura autocrática.

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Presidente turco Recep Tayyip Erdogan acena a parlamentares na Assembleia Nacional
Erdogan, no poder há mais de duas décadas, sinaliza fim de seu longo período à frente do governo turcoFoto: Adem Altan/AFP/Getty Images

O presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, anunciou nesta sexta-feira (08/03) que as eleições regionais no final de março serão suas últimas, sinalizando o fim de um período de mais de duas décadas no poder.

Essa foi a primeira vez em que Erdogan, que lidera o país desde 2003, falou sobre uma possível saída do cargo. "Trabalho sem cessar. Corremos de um lado para o outro sem fôlego [...] para mim, esse é o fim", afirmou. "Dentro da autoridade que a lei me confere, esta será minha última eleição."

O líder autoritário de 70 anos disse ter confiança de que sua legenda, o conservador Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), permanecerá no poder após sua saída do cargo. Ele disse que as eleições de 31 de março serão "uma benção para os irmãos que vierem depois de mim. Será uma transferência da confiança."

O AKP tenta reconquistar a maior cidade do país, Istambul, que foi tomada pela oposição em 2019. O próprio Erdogan foi prefeito da metrópole, entre 1994 e 1998.

Ele se elegeu primeiro-ministro em 2003, quando este era o cargo de maior poder na política turca. Isso mudou após ele cumprir três mandatos como premiê e ser eleito presidente em 2014.

Uma reforma na Constituição em 2017 mudou o sistema político turco, que passou do parlamentarismo para o presidencialismo, com a eliminação do cargo de primeiro-ministro. A medida solidificou a permanência de Erdogan no poder.

Mão de ferro

Erdogan sobreviveu a uma tentativa de golpe de Estado em 2016, após a qual, ele aumentou a repressão a opositores e dissidentes e passou a oprimir com mais veemência a minoria curda na Turquia.

Seus críticos o acusam de solapar liberdade civis e de manter uma postura autocrática. Nas últimas duas décadas, ele trabalhou para eliminar o secularismo oficialmente adotado no país e instaurar um regime fortemente fundado no Islamismo.

Erdogan ganhou reputação de ser imbatível desde a ascensão do AKP ao poder em 2002. Novos êxitos eleitorais em 2018 e 2023 fizeram com que a permanência de Erdogan no poder se estendesse por mais de 20 anos.

Nos últimos anos, porém, ele vem perdendo força. Em 2019, candidatos a prefeito apoiados por ele foram derrotados em Istambul e na capital, Ancara. Nas eleições presidenciais de maio do ano passado, ele conseguiu a vitória somente no segundo turno da votação, algo que jamais tinha sido necessário.

rc (AFP, ots)