Escândalo nas quatro linhas
25 de janeiro de 2005O árbitro berlinense de 25 anos Robert Hoyzer era uma promessa entre os jovens juízes do futebol alemão. Seu lugar na alta cúpula da arbitragem estava tomando forma. Ele já havia sido convocado para ser quarto auxiliar no jogo da Primeira Divisão entre Bayer Leverkusen e Hannover 96 do último domingo (23), quando teve de ser substituído às pressas. Desde 2003, Hoyzer faz parte do grupo de árbitros que comandam a Segunda Divisão da Bundesliga. Ou fazia, pois demitiu-se assim que as acusações contra ele tomaram proporções demasiado grandes.
“Temos a confirmação de que ele manipulou jogos”, afirmou ao jornal televisivo ARD-Sportschau Theo Zwanziger, presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), que entrou com o pedido de investigação contra Hoyzer após denúncias sobre manipulação dos resultados. O árbitro, contudo, nega as acusações, alegando que sua demissão não deve ser entendida como uma confissão de culpa. O caso estourou no último sábado, após a DFB anunciar que investigaria Hoyzer e os jogos em que atuou.
Como tudo começou
Em agosto de 2004 o Hamburgo, um time da Primeira, enfrentou o Paderborn, da Terceira Divisão da Bundesliga, pela Copa da Alemanha. Hoyzer era o árbitro da partida. O Hamburgo liderava por dois gols de diferença quando, ainda no final do primeiro tempo, Hoyzer marcou um pênalti contra e expulsou o atacante do time hamburguês Emile Mpenza. No segundo tempo, mais um pênalti duvidoso foi apontado pelo árbitro.
O placar final foi de 4 a 2 para o time da Terceira Divisão. Dois dias depois, a DFB recebeu um comunicado de um agente de apostas informando que haviam ocorrido investimentos grandes e incomuns em favor do pequeno time de Paderborn. O resultado eliminou o Hamburgo da competição.
Mesmo seguindo os estranhos indícios, a Federação não conseguiu encontrar nada que servisse de base para a abertura de um processo. Cinco meses depois, entretanto, outros sinais continuam aparecendo, tanto em jogos da Segunda quanto da Terceira Divisão do futebol alemão. Após tantas acusações de novas manipulações, a DFB resolveu voltar sua atenção para os casos.
Defesa e novas acusações
Hoyzer defende-se, alegando inocência. A Federação Alemã de Futebol afirma que ele manipulou outros cinco jogos. O árbitro diz já ter contratado um advogado para defendê-lo, afirmando ainda: “Nada disso deve se dissolver no ar. O que deve ser provado é simplesmente o que aconteceu”.
Segundo Joachim Geyer, porta-voz do Ministério Público de Braunschweig, que pretende abrir processo contra o juiz, foi identificado o lugar de onde Hoyzer possa ter atuado, sem que fosse seu local de domicílio, em Salzgitter. Geyer não comentou, entretanto, se se tratava de Berlim, onde ele estava inscrito como árbitro.