Espaço para eventos alternativos de literatura
25 de abril de 2006Há muitos anos, clubes underground (literalmente), vêm atraindo público jovem para shows de literatura em locais alternativos. Um deles é o Turboprop, de Leipzig.
Embora cantar não seja o forte de Christoph Graebel e Claudius Niessen, eles insistem em iniciar seu show sempre com a mesma canção. Ambos são responsáveis pelo Turboprop, um show de literatura, com duas horas de duração, apresentado uma vez por mês no clube de dança Ilses Erika, na capital da Saxônia, no Leste alemão.
Leitura cênica com filmes e concursos
O palco do show é tão irreverente quanto o público e tem pouco a ver com uma clássica leitura em livraria: uma mesa com alguns livros e duas garrafas de cerveja. Nas pausas da leitura, enquanto Graebel e Niessen bebem sua cerveja diretamente da garrafa, o público se diverte com concursos literários, filmes ou quizes com prêmios interessantes.
Graebel e Niessen estudam no Instituto Alemão de Literatura em Leipzig (DLL), onde tiveram a idéia de criar um show. "Como as sessões de leituras cênicas fazem parte do nosso currículo, nos chamou a atenção que uma leitura convencional pode ser muito chata", explica Graebel.
O Turboprop nada tem de monótono, pois vive de um constante jogo de palavras entre seus apresentadores. Cada apresentação tem um autor convidado, que não necessariamente precisa ter obras publicadas.
Espaço para jovens talentos
As noitadas de poetry slam, em que o público lê para o próprio público em clubes de dança ou galerias, está desenvolvendo um em Leipzig uma forma própria de apresentação da literatura.
Os frutos desta experiência, segundo Claudius Nießen, não são colhidos durantes os turbulentos dias da tradicional feira do Livro de Leipzig, e sim nos calmos meses que se sucedem a ela.
A jovem cena literária de Leipzig é um tipo de subcultura, pois ela se dá intencionalmente fora do cenário convencional. A Leipzig "oficial" registra estes acontecimentos com simpatia, nada mais, ressalta Niessen.
"Leipzig é cidade da música, é a cidade de Bach. Posso entender isso. Por outro lado, claro que acharia bom se a cidade se esforçasse em consolidar-se numa posição não só como cidade literária, mas como cidade da literatura jovem".
A iniciativa não deixa de ser também uma plataforma para o lançamento de jovens talentos. Um exemplo disso é Clemens Meyer, cujo romance Als wir träumten (Quando sonhávamos), festejado este ano na Feira do Livro de Leipzig, fez suas primeiras leituras cênicas já dois anos atrás a convite do Turboprop.