Espanha diz que vetará ativismo em embaixada na Venezuela
3 de maio de 2019O ministro do Exterior da Espanha, Josep Borrell, afirmou nesta sexta-feira (03/05) que o governo limitará as atividades políticas do líder opositor venezuelano Leopoldo López, que se encontra refugiado na residência do embaixador da Espanha na Venezuela.
"A Espanha não vai permitir que sua embaixada se transforme em um centro de ativismo político", disse Borrell a jornalistas no Líbano, onde faz uma visita oficial.
A advertência foi feita após López ter promovido uma coletiva de imprensa em frente à embaixada na quinta-feira, logo depois do anúncio de que um tribunal em Caracas ordenou a prisão do opositor. Borrell reiterou que "a partir de agora, isto será regulado".
A jornalistas, o opositor disse que teve reuniões com militares enquanto cumpria prisão domiciliar e que as revoltas contra o regime de Nicolás Maduro estavam apenas começando.
Borrell lembrou que o opositor está na sede diplomática na qualidade de hóspede e não pode solicitar asilo político porque a legislação espanhola só permite que isto seja feito dentro do território espanhol.
O ministro especificou que, em função do direito internacional, a figura de "hóspede" na embaixada implica naturalmente uma limitação em sua atividade política. "Temos confiança de que, nestas condições, a Venezuela vai respeitar naturalmente a imunidade do território da embaixada da Espanha", acrescentou.
O ministro reiterou que a Espanha "não entregará" López às autoridades venezuelanas, apesar de o Tribunal Supremo da Venezuela ter emitido ontem uma ordem de detenção contra o político.
O ministro também revelou que falou sobre a situação de López com o governo de Maduro, com o qual mantém uma "relação cortês", apesar de a Espanha ter reconhecido o opositor Juan Guaidó como presidente interino.
Fundador e líder do partido Vontade Popular (VP), López se entregou às autoridades venezuelanas em 18 de fevereiro de 2014, depois que um tribunal de Caracas ordenou a sua prisão por instigar a violência como um dos organizadores de uma manifestação que havia sido realizada seis dias antes e terminou com três mortos e dezenas de feridos.
Acusado dos crimes de incitação à desordem pública, associação para cometer um crime, danos materiais e incêndio, o opositor de Maduro acabou condenado em setembro de 2015 a 13 anos, nove meses, sete dias e 12 horas de prisão. Desde meados de 2017 cumpria a pena em prisão domiciliar.
Na terça-feira, ele foi libertado por militares que se rebelaram contra o governo. Após ser solto, ele se uniu ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que comandava um levante contra Maduro do lado de fora de uma da base da Força Aérea. Com o enfraquecimento da revolta, ao final do dia, López se refugiou com sua família na embaixada do Chile e, mais tarde, seguiu para a embaixada da Espanha.
CN/efe/afp/ap/lusa
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