Espanha e Argentina não reconhecerão eleições na Venezuela
10 de abril de 2018O presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciaram nesta terça-feira (10/04) que não vão reconhecer os resultados das próximas eleições na Venezuela, marcadas para maio.
"Não vamos validar o resultado eleitoral de maio, ele não tem valor algum. Por mais que o senhor [Nicolás] Maduro me insulte, não vamos reconhecê-lo como um presidente democrático porque neste momento, não há democracia na Venezuela", disse Macri em entrevista coletiva ao lado de Rajoy após uma reunião na Casa Rosada.
"Estou de acordo com essas palavras", completou Rajoy, que chegou a Buenos Aires na segunda-feira. "Devemos devolver a palavra aos venezuelanos, sem dificuldades, sem ameaças e sem nos aproveitarmos da fome e da miséria provocada pela incompetência. Ou pior... para estabelecer regimes clientelistas."
O presidente argentino também concordou com Rajoy quanto à dimensão das dificuldades enfrentadas na Venezuela, que transbordam para toda a região.
"Claramente os direitos humanos deixaram de ser respeitados há tempos na Venezuela. O nível de abuso do governo de Maduro contra os cidadãos é tremendo", avaliou Macri.
As eleições presidenciais da Venezuela, marcadas pelo governo para o dia 20 de maio, ocorrerão sem a participação de grande parte da oposição, que afirma que o pleito será fraudulento.
"Não é uma escolha democrática. Seguiremos reivindicando uma saída democrática para o povo venezuelano", indicou Macri.
Para participar das eleições, a oposição venezuelana exige uma mudança dos integrantes do Conselho Nacional Eleitoral, já que considera que os atuais são aliados de Maduro. Eles também defendem a candidatura de líderes antichavistas que foram inabilitados pela Justiça e outros órgãos do governo.
Macri antecipou que a situação da Venezuela será debatida na Cúpula das Américas, no Peru, no próximo fim de semana. "Que sejam libertados os presos políticos e que se estabeleça um cronograma eleitoral sério", afirmou o presidente da Argentina.
No mês passado, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, disse que não há condições políticas e sociais mínimas para a realização de uma eleição presidencial na Venezuela.
"As liberdades de expressão, opinião, associação e reunião pacífica estão sendo reprimidas", afirmou, considerando ainda que "o princípio da separação de poderes está comprometido, dado que a Assembleia Nacional Constituinte continua a concentrar poderes sem restrições".
JPS/efe/afp
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