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Especialista alerta para descaso com a aids

Jennifer Abramsohn (cv)1 de dezembro de 2006

Diretor da Deutsche Aidshilfe diz que os programas de prevenção à doença sofreram cortes em nível regional e que o assunto perdeu espaço na mídia, mas elogia política do governo federal alemão.

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Segundo o Instituto Robert Koch, 56 mil pessoas vivem com HIV/aids na AlemanhaFoto: dpa

Luis Carlos Escobar Pinzon está completando um ano à frente da Deutsche Aidshilfe (DAH), associação alemã de ajuda a portadores de HIV. No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, ele falou à DW-WORLD sobre os desafios da organização.

DW-WORLD: Sr. Escobar, a situação envolvendo a educação e o tratamento da aids mudou consideravelmente na década passada. Como está a situação na Alemanha hoje?

Luiz Carlos Escobar de Pinzon: Desde que as terapias de combinação anti-retroviral foram introduzidas, as pessoas com HIV têm melhores oportunidades de tratamento. Elas podem viver durante anos livres de sintomas. Isso pode ter levado ao fato de que muitas pessoas não pensam mais em HIV e aids como letais.

Na Alemanha, de acordo com estimativas do Instituto Robert Koch, existem 56 mil pessoas vivendo com HIV/aids. O maior grupo é o que nós chamamos de MSM: men who have sex with men (homens que fazem sexo com homens). Um segundo grande grupo é o de usuários de drogas intravenosas. Um terceiro grupo, que está alcançando o segundo grupo, é composto por imigrantes, especialmente de países com alta incidência da doença.

Você começou neste trabalho um ano atrás. Quais eram suas metas quando assumiu – e como está sendo?

Luis Carlos Escobar Pinzon
Escobar: muitas pessoas não pensam mais na aids como letalFoto: dah

Minhas metas principais eram fazer, mais uma vez, HIV e aids serem tópicos importantes na sociedade. A presença na mídia não é mais tão grande como foi no início da década de 90. Especialmente nas políticas regionais, a relevância do HIV e da aids está diminuindo. Vemos isso nos cortes de orçamento para prevenção e educação sexual. Há cortes de mais de 30% em algumas regiões.

Mas estamos realmente satisfeitos, pois em nível federal encontramos alguém como a ministra da Saúde, Ulla Schmidt, que está empenhada em colocar os tópicos HIV/Aids como prioridade na agenda política. Ela está fazendo muito para que recebamos mais recursos federais para combater o HIV e a aids.

Quais são os tópicos mais importantes para as organizações de saúde comunitária relacionadas à aids atualmente?

Prevenção, prevenção e mais prevenção. Desde 2001, percebemos que o número de novos diagnósticos voltaram a crescer. Precisamos encontrar as causas para este aumento e tomar as medidas adequadas. Em 2007, a DAH iniciará um projeto de pesquisa interessante que deverá esclarecer melhor o contexto e as influências das novas contaminações.

Bundesgesundheitsministerin Ulla Schmidt für Frauengalerie
Ulla Schmidt: empenhada em garantir recursosFoto: AP

Em acréscimo, estamos também combatendo a discriminação e estigmatização das pessoas com HIV/aids. Onde HIV/aids são tabus, não se pode fazer prevenção. Não estamos falando apenas de solidariedade com pessoas que têm HIV e aids. Trata-se de um trabalho antidiscriminação que é urgentemente necessário para criar um espaço protegido para todas as pessoas com doenças crônicas.

Como o crescente aumento de casos de aids entre imigrantes e requerentes de asilo político está afetando a Alemanha e as políticas antiaids aqui?

Como uma pessoa que chegou aqui como imigrante, vejo isto como um tópico muito importante. Requerentes de asilo político estão especialmente ameaçados e em perigo de contaminação com HIV aqui.

É importante enfatizar a difícil situação dos imigrantes na Alemanha, especialmente daqueles que também estão infectados com o HIV. Eles não apenas têm que lutar contra problemas usuais, como racismo, status legal e dificuldades financeiras. Eles estão infectados e isso é um tabu entre suas próprias comunidades. E, naturalmente, por causa das diferenças culturais e de linguagem, eles têm dificuldades de acesso à educação sexual e a material de prevenção.

O governo Angela Merkel está apoiando as organizações de saúde relacionadas ao HIV/aids? Qual é o seu relacionamento com a administração de Merkel?

Spritze im Fuß
Usuários de drogas intravenosas são o segundo maior grupo de portadores de HIVFoto: AP

Trabalhamos em estreita colaboração com o governo. Estamos realmente felizes que a ministra da Saúde, Schmidt, prometeu recentemente 3 milhões de euros adicionais para o financiamento da prevenção primária em 2007. Além disso, ela anunciou que quando a Alemanha assumir a presidência da União Européia (no início de 2007), quer colocar o tópico HIV/Aids como prioridade na agenda política.

Na Alemanha, temos uma situação muito privilegiada. Os números das novas contaminações não cresceram tanto quanto em outros países, mesmo dentro da Europa. Mas precisamos ajudar nossos vizinhos, especialmente aqueles do Leste Europeu, a fazer um trabalho de prevenção melhor e mais intensivo. Somos todos igualmente responsáveis por conter esta doença.

Luis Carlos Escobar Pinzon é diretor executivo da Deutsche Aidshilfe, associação alemã que congrega 130 entidades de ajuda aos portadores de HIV. Ele assumiu o cargo em janeiro deste ano. Nascido na Colômbia, Escobar vive na Alemanha há 14 anos, trabalhando com pesquisas em saúde pública.