Evasão de cérebros
24 de julho de 2009Segundo dados do Departamento Federal de Estatísticas divulgados nesta quinta-feira (23/07), 682 mil pessoas se estabeleceram na Alemanha no ano passado, enquanto 738 mil deixaram o país no mesmo ano – cem mil a mais que em 2007.
Isso significa que a Alemanha continua sofrendo de evasão populacional, sendo que a grande maioria dos que deixaram o país é composta de estrangeiros (563 mil).
Um estudo do Conselho de Especialistas de Integração e Migração aponta que o maior problema está no êxodo de mão-de-obra qualificada. Dezenas de milhares de pessoas com alta qualificação profissional deixam o país ano após ano, enquanto poucas imigram ou retornam.
Problema de pessoal
"A 'firma' Alemanha está com problema de pessoal", explicou Klaus Bade, presidente do conselho, na última terça-feira em Berlim. Segundo ele, a Alemanha precisa encontrar maneiras de se tornar mais atraente para imigrantes qualificados, pois encontrar uma saída para a atual crise econômica ficará ainda mais difícil, se essa balança negativa não melhorar.
Ele alerta ainda que os que deixam o país são bem melhor qualificados do que a média da população economicamente ativa na Alemanha. Por outro lado, o nível de qualificação de imigrantes estrangeiros é mais baixo – um fato que passou despercebido pelos políticos, critica.
O estudo aponta que, desde 2003, um saldo de cerca de 180 mil profissionais qualificados – já descontados aqueles que acabaram retornando à Alemanha – emigraram para outros países desenvolvidos.
Desperdício de capital humano
O êxodo de médicos é um problema especial. Somente em 2008, partiram 3.065 médicos formados principalmente na Alemanha. Atualmente, há quase 19 mil médicos alemães trabalhando no exterior – enquanto nos estados que pertenciam à antiga Alemanha comunista a falta de médicos atinge dimensões dramáticas.
Para combater o problema, os nove cientistas que formam o conselho independente de especialistas exigem um sistema flexível de imigração orientado para o mercado de trabalho e que escolha a mão-de-obra necessária através de um sistema de pontuação.
Segundo Bade, a Alemanha não facilita a vinda de profissionais de fora. Diplomas estrangeiros, por exemplo, deveriam ser mais facilmente reconhecidos, a fim de evitar o desperdício de capital humano que seria um físico dirigindo um táxi. Ele adverte ainda que a Alemanha deveria se esforçar para que estrangeiros formados em universidades alemãs permaneçam no país após os estudos.
Futuro incerto
No ano passado, somente cerca de 470 pessoas altamente qualificadas e provenientes de países que não pertencem à União Europeia (UE) encontraram emprego na Alemanha.
Apesar da atual recessão e do crescente número de desempregados, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aconselha os países a não se fecharem para estrangeiros. Pois, no caso de um futuro desenvolvimento demográfico negativo, haverá demanda não somente por profissionais altamente qualificados ou com formação técnica.
Também para migrantes com baixa qualificação, que vêm para trabalhar em serviços domésticos ou no cuidado de idosos, a lei de imigração deveria ser afrouxada, adverte a OCDE.
CA/dpa/ots
Revisão: Rodrigo Rimon