Estados Unidos prometem liderança no combate às mudanças do clima
26 de junho de 2013Os Estados Unidos, conhecidos por bloquearem as negociações nas conferências internacionais do clima, agora prometem assumir um papel de liderança na luta contra a mudança climática. "Os Estados Unidos devem ajudar a criar uma solução global para esse desafio mundial", declarou Barack Obama, presidente norte-americano, nesta terça-feira (25/07), ao anunciar um pacote inédito.
Os planos de Obama visam primeiramente limitar as emissões de CO2 das usinas norte-americanas. A maior parte delas é movida a carvão, o que faz o setor ser responsável por cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa do país. Além disso, o presidente quer apoiar tecnologias de geração de energia limpa, como solar e eólica.
Corte de emissões
"Este é, de longe, o compromisso mais importante que os Estados Unidos já apresentaram em relação à proteção climática", avaliou Paul Bledsoe, do German Marshall Fund, em entrevista à Deutsche Welle, em Washington. "O presidente não quer apenas diminuir as emissões do país, ele também anunciou planos para iniciar negociações bilaterais com os principais poluidores, por exemplo, a China e a Índia."
A China, por exemplo, é a maior poluidora do planeta. Ainda não se sabe como essas negociações serão ou quando irão começar. No momento, é difícil imaginar que China e Estados Unidos entrem em um acordo sobre esse tema.
Para Michael Levi, especialista no assunto do Conselho de Relações Exteriores, (CFR, na sigla em inglês), a notícia de que as usinas existentes cumprirão um calendário para cortar emissões é a maior novidade do plano climático. No entanto, o projeto praticamente não apresenta detalhes sobre como serão esses regulamentos.
Na Conferência do Clima de 2009, em Copenhague, Obama fez uma promessa solene: a de cortar, até 2020, 17% das emissões do país em relação aos níveis de 2005. Para especialistas, o plano apresentado pelo presidente dá, finalmente, o primeiro passo rumo a esse objetivo.
Obama tem apenas três anos para para implementar o projeto, o que não é muito tempo. As propostas feitas dependem também de um trabalho intensivo e da colaboração de empresas e agências governamentais envolvidas. Mesmo assim, especialistas acreditam que o presidente norte-americano conseguirá atingir a meta.
Michael Levi destaca ainda um outro ponto interessante: o novo plano climático demonstra preocupação com as florestas dos Estados Unidos. O documento reconhece que as mudanças climáticas ameaçam seriamente as florestas, que também sofrem a pressão do crescimento urbano e da expansão agrícola. No entanto, o governo não diz o que fará exatamente para combater o problema.
Mudanças climáticas na agenda política
Diferente da primeira iniciativa contra mudanças climáticas, há cinco anos, o consentimento do Congresso não é necessário. O presidente parece ter aprendido com a experiência. Naquela ocasião, ele tentou reduzir as emissões de carbono com um sistema de preços e não conseguiu apoio. Ainda assim, especialistas e ativistas acreditam que esse método seria mais barato e eficaz.
"O mais importante é ligar a poluição de dióxido de carbono a um preço. Não podemos permitir que os maiores poluidores do mundo sujem a atmosfera a troco de nada", opina Daniel Kessler, do grupo ambientalista 350 org.
Kessler considera os objetivos ambientais de Obama pouco ambiciosos. Críticos reconhecem que o presidente pediu uma nova avaliação do impacto ambiental do controverso projeto Keystone. Trata-se de um oleoduto que irá transportar petróleo do Canadá para os Estados Unidos. A ação foi criticada pelos republicanos: eles consideram que o plano climático pode trazer prejuízos econômicos.
Mas Obama parece ter o povo ao seu lado. Não foi por acaso que ele mencionou em seu discurso os desastres naturais devastadores dos últimos tempos, como o ciclone Sandy. As catástrofes teriam feito com que os norte-americanos fizessem a conexão entre mudanças climáticas e eventos climáticos extremos, disse Paul Bledsoe. "As pessoas sentem as mudanças climáticas atuais. Até mesmo os republicanos terão de reconhecer a importância deste tema, e eu acho que a posição deles deve mudar nos próximos anos. "