Estrangeiros deixam o Egito depois de escalada da violência em protestos
29 de junho de 2013Segundo informações do Aeroporto do Cairo, todos os voos para os países do Golfo Pérsico, Estados Unidos e Europa estão lotados. Entre as muitas pessoas que deixam atualmente o Egito estão diversos funcionários da embaixada norte-americana e seus familiares.
O Departamento de Estado dos EUA pede que cidadãos viagem para o Egito somente em casos que sejam absolutamente necessários. Todos os cidadãos norte-americanos foram alertados para evitar manifestações, porque até mesmo protestos pacíficos podem escalar rapidamente para a violência.
O Ministério do Exterior em Berlim também recomendou "firmemente" aos cidadãos alemães "para tomarem cuidado e evitar a respectiva área das manifestações", durante e após os protestos em massa anunciados para o fim de semana. Há ameaça de confrontos violentos entre opositores e apoiadores do presidente Mohammed Morsi.
Pelo menos três pessoas morreram nos protestos contra o presidente Morsi na sexta-feira (28/06). Neste sábado, oposicionistas de Morsi ainda estavam acampados na Praça Tahrir. Para o domingo – data que marca o primeiro ano da subida ao poder do presidente ligado à Irmandade Muçulmana – estão previstas grandes manifestações em todo o Egito.
Um cidadão norte-americano está entre os mortos nos tumultos desta sexta-feira. Ele foi esfaqueado com um facão enquanto fotografava os manifestantes. Neste sábado, o site do jornal New York Times publicou que se tratava de um estudante de 21 anos que fazia um estágio no Egito ensinando inglês para crianças na organização Amideast.
Em Porto Said, um jornalista egípcio também foi morto. Outro egípcio foi morto numa pancadaria no bairro de Sidi Gaber, em Alexandria. De acordo com relatos da mídia, cerca de 140 pessoas saíram feridas nos confrontos.
Escritórios foram incendiados
Na capital Cairo dezenas de milhares de opositores de Morsi protestaram nesta sexta-feira. Diversos escritórios do Partido da Justiça e Liberdade, braço político dos Irmãos Muçulmanos, foram incendiados. Um ano após a posse do chefe de Estado, o movimento de protesto quer forçar Morsi a renunciar. No entanto, a liderança islâmica rejeita a convocação de novas eleições.
Mas a oposição não estava sozinha nas ruas. Milhares de apoiadores do partido islâmico participaram de uma manifestação num subúrbio do Cairo sob o slogan "A legitimidade é a linha vermelha". Por volta de 20 mil pessoas se reuniram diante da mesquita Rabia el-Adawiya numa manifestação pró-Morsi.
Diversos oradores acusaram o movimento de protesto de que "são apoiados pelo exterior, por países que não querem o bem do Egito." Eles enfatizaram que Morsi não vai renunciar antes do fim do seu mandato de quatro anos.
Tortura na ordem do dia
As organizações de direitos humanos Anistia International (AI) e Repórteres Sem Fronteiras (RSF) reprovam a atuação de Mohammed Morsi. Uma porta-voz da AI afirmou que "em alguns setores, a situação dos direitos humanos piorou no primeiro ano de mandato de Mohammed Morsi". Tortura e maus-tratos de detentos continuam na ordem do dia e os culpados não são punidos.
A organização de jornalistas RSF falou de "um ano perdido para a liberdade de expressão no Egito". Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, a nova Constituição não protege os jornalistas contra a difamação e ataques.
A controversa Constituição outorgada pelo governo islâmico foi aprovada em referendo, no final do ano passado. Desde então, as vozes críticas não se calaram.
CA/dpa/rtr/afp