Estudantes alemães saem-se mal na comparação internacional
3 de dezembro de 2001O maior estudo internacional de avaliação de estudantes apontou um resultado péssimo para o sistema escolar alemão. Em comparação com alunos de 32 países, os da Alemanha classificaram-se, nas três categorias analisadas – leitura, cálculo e ciências naturais –, sempre entre os últimos lugares (do 20º ao 25º), adiantaram as revistas Der Spiegel e Focus em suas mais recentes edições.
Os líderes no ranking do Pisa (Programme for International Student Assessment), o programa de avaliação de estudantes realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são a Finlândia, a Coréia, o Canadá e o Japão. O estudo vai ser divulgado oficialmente em Berlim na terça-feira (4), mas os resultados vêm sendo comentados na Alemanha desde o fim de semana, dando origem a um amplo debate sobre o sistema escolar do país.
Critérios de avaliação
- Em 32 países, foram avaliados 265 mil estudantes de 15 anos, 10 mil dos quais na Alemanha. As perguntas não se referiam a conhecimentos adquiridos na escola e sim a questões do cotidiano, considerando em especial a capacidade de compreensão de textos, uma das principais precondições para avançar na vida e na profissão.O resultado quanto às habilidades lingüísticas é especialmente assustador: cerca de 22,6% dos alunos alemães mal conseguem cumprir os requisitos mínimos de compreensão de texto. Nenhum outro país altamente desenvolvido teve um resultado tão ruim. A Alemanha equiparou-se, nesse quesito, ao Brasil, Rússia e Romênia.
Em se tratando de crianças de famílias de imigrantes, a cota dos que não atingem o padrão mínimo sobe para 40%. Diferentemente do que ocorre em outros países, as escolas alemãs não conseguem equiparar as desvantagens das crianças de camadas desfavorecidas. Além disso, em nenhum outro país existe uma discrepância tão grande entre alunos bons e alunos ruins como na Alemanha.
Reações
– Partidos políticos, sindicatos e associações de pais conclamaram os secretários estaduais da Educação a uma rápida reestruturação do sistema escolar da Alemanha.A secretária da Baviera, Monika Hohlmeier, vai apresentar quinta-feira (6), durante a Conferência dos Secretários da Cultura, um programa de emergência para seu estado. A secretária da Renânia-Palatinado, Doris Ahnen, anunciou a transformação das escolas de seu estado para funcionamento em período integral até 2006. Essa solução também é defendida pela secretária da Renânia do Norte-Vestfália, Gabriele Behler. Todos os países que lideram o ranking do Pisa dispõem de escolas que funcionam em período integral.