Ranking
18 de outubro de 2007Se depender de um estudo feito pelo British Council, o Migration Policy Group e outras 20 organizações, com o apoio da União Européia, os imigrantes que chegam à Europa deveriam optar pela Suécia para viver. Pois o país ao norte do continente é o que oferece as melhores condições de integração aos estrangeiros.
Aprendendo uns com os outros
Numa escala que dá aos países que mais favorecem a vida do imigrante a nota 100, a Suécia recebeu 88 pontos, seguida de Portugal, com 79. O último da lista é a Letônia, que conseguiu apenas 30 pontos.
“Os países da UE cooperam cada vez mais em termos de integração. A pergunta que surge é sempre: o que cada um pode aprender com o outro? É possível comparar as diversas situações? Caso sim, a partir de quais critérios? É neste sentido que queremos dar nossa contribuição, ao questionarmos: se você quer melhorar a situação, como deverá dar curso às mudanças?”, aponta Jan Niessen, diretor da organização Migration Policy Group.
No contexto do estudo, foram definidos seis setores-chave, considerados essenciais para a integração dos migrantes, como o acesso ao mercado de trabalho, o direito de votar e a obtenção da nacionalidade. Enquanto a Suécia encabeça a lista em todos esses quesitos, a Alemanha ocupa uma posição intermediária na escala, ao lado de França, Luxemburgo e Irlanda. A Romênia e a Bulgária, os últimos países a serem aceitos no bloco, não foram incluídos no estudo.
Espelho, espelho meu...
“A UE e seus países-membros precisam ter coragem de comparar as diretrizes que vigoram em cada Estado e são baseadas em princípios únicos. Quando eles dizem, por exemplo, que são contra a discriminação, então observamos as diretrizes que tratam do assunto. Construímos uma espécie de espelho e auxiliamos os países a se olharem”, diz o especialista Niessen.
E os resultados são alarmantes: os países europeus, registra o estudo, só fazem a metade do que poderiam fazer pela integração dos imigrantes. A idéia não é porém, apenas colocar o dedo em riste para apontar falhas em cada sistema.
“Este índice nos coloca números comparativos na mão: onde estamos, onde os outros estão melhores? E também, claro, o que os outros fazem pior e como se poderia fazer melhor? O estudo deveria ser analisado desta forma. Não se trata de uma crítica ácida, mas de um encorajamento a olhar os outros dentro da Europa para aprender com eles. Nem tudo pode ser transposto, nem tudo é melhor no outro país, mas alguns aspectos sim”, comenta Cem Özdemir, deputado verde no Parlamento Europeu.
Facilidades legais
Um exemplo concreto: na Suécia, todo estrangeiro que vive no país há pelo menos um ano pode trabalhar no setor que quiser e também se tornar autônomo, como se fosse um cidadão europeu. Além disso, o Estado auxilia os migrantes que ainda não conseguiram emprego, oferecendo aulas do idioma e serviços de consultoria profissional.
Todo estrangeiro proveniente de países que não pertencem à UE podem votar nas eleições estaduais e municipais, quando vivem no país há mais de três anos. Junto da Suécia, a Noruega e a Finlância encabeçam a lista dos países que melhor integram os migrantes.
Forma de patriotismo
“Isso tem a ver com uma certa forma de patriotismo, que independe de partido político. O governo mudou na Suécia, mas as diretrizes da política de integração continuaram as mesmas. E este é, a meu ver, o segredo: um consenso básico, de que integrar o estrangeiro é positivo para uma sociedade. Na Alemanha, quando se fala do assunto migração, não se analisa fatos comprovados, mas se fala muito de ideologia”, pondera o parlamentar Özdemir.
Os últimos lugares do ranking são ocupados por Chipre, Letônia e Áustria. Neste último, o estrangeiro interessado em ingressar no mercado de trabalho enfrenta enormes dificuldades, além de ter problemas para conseguir uma permissão de moradia de longo prazo. Além disso, o Estado falha na proteção do imigrante contra discriminação.
O relatório não deve ser o último sobre o assunto. Em 2009, saem os próximos índices de qualidade de vida dos estrangeiros. A idéia é fazer com que cada governo perceba se fez algum progresso. Aos poucos, serão incluídos outros quesitos nas comparações. O acesso à formação escolar, por exemplo, não foi levado em consideração no atual estudo, por mais significativo que seja. (pl/sv)