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Estudo prevê aumento de alunos em escolas alemãs

Dagmar Breitenbach md
13 de julho de 2017

Segundo levantamento, governo não está preparado para acolher estudantes do país em 2025. Maior taxa de natalidade e afluxo de migrantes são principais fatores para elevação, contrária à estimativa das autoridades.

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Crianças alemãs a caminho da escola
Escolas alemãs devem receber, até 2025, mais de 1 milhão de alunos adicionais em relação ao previsto pelo governoFoto: picture-alliance/dpa

Esqueça as estimativas prevendo uma queda no número de alunos nas escolas alemãs no futuro próximo. De acordo com um novo estudo, apresentado nesta quarta-feira (12/07) pela Fundação Bertelsmann, da Alemanha, o oposto é mais provável de ocorrer.

No período letivo de 2015/2016, havia cerca de 7,9 milhões de alunos nas salas de aula alemãs. Já para 2025, apenas dez anos depois, o estudo da Bertelsmann prevê 8,3 milhões de estudantes.

Com uma onda recorde de aposentadorias, fazendo com que não restem professores suficientes, um aumento do número de novos alunos e uma escassez de salas de aula adequadas, os políticos têm motivos para se preocupar, diz a fundação.

"Os legisladores devem rever urgentemente seus planejamentos para educação", alerta Dirk Zorn, gerente de projeto da Fundação Bertelsmann e coautor do estudo. "O fluxo de pessoas que vêm viver na Alemanha é maior do que o número de pessoas que deixam o país", ressalta.

A taxa de natalidade da Alemanha – uma das mais baixas do mundo há décadas – tem crescido ao longo dos últimos cinco anos. "Isto, mais o afluxo de migrantes, são as principais razões para o aumento do número de estudantes que deve afetar as escolas dentro de cerca de oito anos", diz Zorn. "Esse é um desenvolvimento demográfico dramático."

Hora de atualizar planos

Para 2025, a Fundação Bertelsmann prevê cerca de um milhão de alunos além do estimado pelo governo quatro anos atrás, quando foi prevista uma queda no número de estudantes em relação ao atual. A estimativa foi feita pelo órgão que coordena o ensino escolar na Alemanha, a Conferência dos Secretários Estaduais da Educação (Kultusministerkonferenz ou KMK), e serve de parâmetro para coordenação e desenvolvimento do ensino do país.

"Isso pode não ter sido previsível há quatro anos pela KMK, mas é hora de o órgão atualizar seus planos, para garantir que medidas como a renovação e construção de escolas e formação de professores sejam aceleradas", propõe Zorn.

Professor dá aula em escola alemã
Falta de novos professores para substituir os que se aposentam vem sendo minimizada pelas autoridades, dizem analistasFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

Esperando uma diminuição no número de alunos, as escolas estão despreparadas para o aumento da demanda, adverte o novo estudo. Segundo a Fundação Bertelsmann, os governos dos estados alemães terão que investir cerca de 4,7 bilhões de euros anualmente para evitar uma "escassez dramática" de docentes e de salas de aula.  "A era do declínio do número de estudantes acabou", alerta Zorn.

De acordo com o levantamento da Bertelsmann, cidades maiores terão um maior aumento do número de alunos do que áreas rurais.

É esperado que o número de crianças na escola primária suba dos 2,8 milhões em 2015 para cerca de 3,2 milhões em 2030. Dentro de oito anos, poderão faltar até 24 mil professores nas escolas primárias alemãs, fato que também pode afetar as escolas secundárias, que já lutam contra uma onda de aposentadorias e falta de jovens professores.

"Estimativa otimista"

"Essa é uma estimativa otimista", frisa Udo Beckmann, presidente da associação de professores VBE, baseada em Berlim, observando que por muito tempo os políticos ignoraram a falta de professores nas escolas da Alemanha.

"E agora nos damos conta de que o governo vem operando com números incorretos", acrescenta. "Uma coisa é ficar satisfeito com o aumento das taxas de natalidade do país, mas isso significa que seis anos depois haverá necessidade de mais professores", argumenta Beckmann.

"Jornadas escolares mais longas, integração de alunos com deficiência e de crianças imigrantes são novos desafios. A escola está mudando," acrescenta.

Os autores do estudo da Bertelsmann admitem que seus números não pretendem ser previsões precisas dos desenvolvimentos futuros. Em vez disso, a fundação espera que a pesquisa desencadeie uma reavaliação dos planos de educação atuais. "Previsões são necessárias para se tomar decisões políticas", ressalta Beckmann.