Leste vive crise demográfica
22 de agosto de 2008Os estados da antiga Alemanha Oriental são a região de maior "crise demográfica" de todo o continente europeu, segundo avaliação de pesquisadores do Instituto Berlinense de População e Desenvolvimento. Em nenhuma outra região européia a emigração de mulheres jovens é tão elevada, afirma o estudo divulgado nesta quinta-feira (22/08), o que gera preocupação em relação às taxas futuras de natalidade.
Baixo número de nascimentos, forte envelhecimento da população e perspectiva de falta de jovens pais nas próximas gerações são os principais problemas demográficos dos estados do leste alemão, segundo o estudo. Entre 1990 (ano da reunificação) e 2006, mais de 1,7 milhão de pessoas deixaram os antigos estados comunistas em direção ao oeste da Alemanha.
Com um índice de 1,14 filho por mulher, a capital Berlim tem a menor taxa de natalidade da Alemanha. Enquanto outras capitais européias atraem pessoas com formação superior devido à concentração de grande empresas, Berlim não é sede de nenhuma das 30 empresas de capital aberto que formam o índice DAX, da Bolsa de Valores de Frankfurt.
Leste alemão
"A Alemanha é o país onde a divisão entre regiões vencedoras e perdedoras é a mais clara", afirmou o pesquisador Reiner Klingholz, durante a apresentação do estudo Futuro Demográfico da Europa. Enquanto o leste perde, as regiões da Alta Baviera, Freiburg, Stuttgart, Tübingen e Colônia estão entre as que saem ganhando com a migração interna.
A pior nota entre as regiões alemãs ficou com o estado da Saxônia-Anhalt: 4,17 numa escala de 1 a 6 (quanto mais perto de 6, pior é a nota). A região ocupa a posição de número 241 de um total de 285. As últimas colocações são ocupadas principalmente por regiões de países do leste da Europa, como Bulgária, Polônia e Romênia, e do sul da Itália.
Se fossem considerados como países, nenhum dos estados do leste da Alemanha preencheria os critérios para admissão na União Européia, afirmam os pesquisadores.
Europa
A tendência de diminuição da população verificada no leste alemão é válida também para a Europa. A população européia deverá diminuir em 52 milhões de pessoas até 2050, passando para 447 milhões. Exceções na tendência de recuo populacional são os países escandinavos, a Islândia, a Irlanda e Chipre. Também a França apresenta perspectiva de crescimento populacional, devendo tirar da Alemanha o posto de país mais populoso da Europa até 2050.
"Países que conseguem conciliar emprego e filhos para homens e mulheres estão claramente em vantagem. Hoje, isso vale para os países escandinavos, mas também para a França", disse o pesquisador Steffen Kröhnert. Ele acrescentou que, sem a imigração, não será possível manter a estabilidade populacional da Europa.
Os pesquisadores avaliaram 285 regiões, incluindo todos os 27 países da União Européia, a Islândia, a Noruega e a Suíça. Foram considerados critérios como número de crianças, renda, investimentos em educação e ciência, desemprego e nível ocupacional de idosos. As primeiras posições são ocupadas pela Islândia e pelas regiões de Estocolmo e Oslo.