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EUA confirmam que China testou armas hipersônicas

28 de outubro de 2021

General Mark Milley é a primeira autoridade americana a confirmar teste chinês. "Foi um evento significativo e muito preocupante", diz ele, comparando experimento com lançamento do Sputnik pela União Soviética.

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Veículos militares carregam o DF-17, um míssil hipersônico de médio alcance revelado pela China em 2019
Veículos militares carregam o DF-17, um míssil hipersônico de médio alcance revelado pela China em 2019Foto: Reuters/J. Lee

A maior autoridade militar americana afirmou nesta quarta-feira (27/10) que a China está fazendo avanços significativos em sistemas de armas hipersônicas, dos quais seria difícil para os Estados Unidos se defenderem.

Mark Milley, chefe do Estado-Maior dos EUA, é o primeiro alto funcionário do Pentágono a confirmar o teste bem-sucedido da China.

"O que vimos foi um evento muito significativo de um teste de um sistema de armas hipersônico. E isso é muito preocupante", disse Milley à emissora de televisão Bloomberg.

Ele também mencionou as comparações feitas com as primeiras vitórias da União Soviética na corrida espacial durante a Guerra Fria. "Não sei se é um momento [como o lançamento do] Sputnik, mas acho que está muito próximo disso", disse o general.

A União Soviética lançou o satélite Sputnik em 1957, o que surpreendeu os EUA e gerou temores de que eles estivessem ficando para trás tecnologicamente em uma corrida armamentista cada vez mais acelerada.

Por que as armas hipersônicas são importantes?

Os comentários de Milley ocorrem quase duas semanas após o jornal britânico Financial Times noticiar, em 16 de outubro, que os militares chineses lançaram, em agosto, uma arma hipersônica com capacidade nuclear.

O míssil circundou a Terra a baixa altitude antes de entrar novamente na atmosfera e finalmente errar por uma diferença de mais de 30 quilômetros seu alvo de teste na China, de acordo com a publicação.

Os mísseis hipersônicos são projetados para viajar mais de cinco vezes a velocidade do som numa trajetória de voo que os torna mais difíceis de serem detectados e interceptados.

A tecnologia está na vanguarda das futuras capacidades de guerra, e as notícias do progresso da China nesta nova corrida armamentista foram recebidas com preocupação nos EUA.

Os americanos também estão trabalhando em armas hipersônicas, mas ainda não testaram uma arma na escala que Milley disse que a China alcançou. "É um feito tecnológico bastante significativo que ocorreu... e tem toda a nossa atenção", disse o general.

A China, por sua vez, negou a informação e afirmou que a estava testando um veículo espacial reutilizável. 

Paz ameaçada no Pacífico

Os EUA, a Rússia e a Coreia do Norte também já fizeram testes com mísseis hipersônicos, enquanto outros países desenvolvem a tecnologia.

Em 2019, a China apresentou novas tecnologias militares, incluindo um míssil hipersônico de médio alcance, o DF-17, que pode alcançar 2 mil quilômetros e transportar ogivas nucleares.

Contudo, o míssil testado recentemente pela China é diferente, segundo o Financial Times: ele teria maior alcance e seria capaz de entrar em órbita antes de retonar à atmosfera para atingir seu alvo.

As relações entre Washington e Pequim se tornaram tensas nos últimos anos, à medida que a China amplia sua influência e busca ambições no Pacífico que têm perturbado aliados importantes dos EUA na região.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, se recusou a confirmar os testes hipersônicos da China, mas disse nesta quarta-feira que qualquer grande desenvolvimento na capacidade militar chinesa faz "muito pouco para ajudar a diminuir as tensões na região e além dela".

Esses avanços, segundo ele, são "combinados com uma abordagem de política externa e de defesa que usa a intimidação e a coerção das nações vizinhas para ceder aos interesses da China".

fc/ek (AP, AFP, Reuters)