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EUA cumprirão metas climáticas até 2030, afirma Joe Biden

11 de novembro de 2022

Presidente americano dá destaque a pacote climático ambicioso e anuncia fundo para financiar adaptação de países mais expostos ao aquecimento global, além de novas normas para reduzir emissões de metano.

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Presidente americano, Joe Biden, na COP27
"Estamos provando que boa política climática é boa política econômica", exortou presidente Joe BidenFoto: Mohamed Abd El Ghany/REUTERS

Em discurso durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), nesta sexta-feira (11/11), no Egito, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou "com confiança" que seu país atingirá até 2030 as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris.

Ele ressaltou que a Lei de Redução da Inflação (IRA) dos democratas, aprovada em meados do ano, dedicará 368 bilhões de dólares ao longo da próxima década para redução dos gases do efeito estufa e migração para fontes energéticas verdes. Esses planos impulsionarão uma transição transformadora para uma economia e infraestrutura verdes, criando empregos no processo, segundo Biden.

"Estamos provando que boa política climática é boa política econômica", reforçou o político de 79 anos, acrescentando que a guerra da Rússia contra a Ucrânia e os "arautos" da mudança climática "que já estão entre nós" tornaram ainda mais urgente a transição para um mundo livre de combustíveis fósseis.

"A crise climática tem a ver com segurança humana, econômica, ambiental e nacional, e com a própria vida do planeta": se é para o mundo vencer essa luta, para dobrar a curva das emissões, todas as nações devem "dar um passo à frente", instou durante a conferência que vai até 18 de novembro na estação balnear egípcia de Sharm El-Sheikh.

Industrializados ainda aquém da promessa de US$ 100 bilhões

O chefe de Estado democrata declarou ainda que os EUA dobrarão seu comprometimento financeiro para os fundos globais de adaptação climática, que visam ajudar os países mais vulneráveis a se ajustarem à vida num mundo que se torna cada vez mais quente.

Só para a África, serão mobilizados 150 milhões de dólares. Além disso, se concederá. apoio ao novo "Escudo Global", a iniciativa do G7 de seguro contra riscos climáticos, voltada para perdas e danos causados por desastres meteorológicos. O Egito também receberá 500 milhões dólares dos EUA e da União Europeia para ajudar com os custos de sua transição para a energia verde, citou Biden.

As nações industrializadas haviam se comprometido a alocar, até 2020, 100 bilhões de dólares por ano para financiamento de projetos climáticos, mas até agora não cumpriram a promessa, e a maior parte das verbas é na forma de empréstimo, não de doações.

Como país que mais contribui para as emissões carbônicas globais, os EUA também têm sido criticados por bloquear as negociações para ressarcir as perdas e danos sofridas pelos países na linha de frente da mudança climática. Um exemplo foi a recente enchente no Paquistão, que matou mais de 1.700 habitantes e causou perdas econômicas na faixa dos 10% do PIB nacional.

Metas climáticas na mira dos republicanos – mas não tanto

Na contramão das promessas do presidente americano, o grupo de pesquisa Climate Action Tracker informa que, mesmo com a lei IRA, as políticas e as medidas climáticas do país ainda são insuficientes para limitar até 2030 o aquecimento global a 2 ºC acima das temperaturas pré-industriais, como estabelecido no Acordo do Clima de Paris de 2015.

Embora os democratas americanos não tenham sofrido a derrota esmagadora que se previa nas recentes eleições de meio de mandato para o Senado e a Câmara dos Representantes, há apreensão de que os planos climáticos de Biden sejam sabotados, caso os republicanos assumam o controle do Congresso. Com a apuração ainda em andamento, a disputa prossegue apertada.

Por outro lado, falando à agência de notícias AP, Samantha Gross, diretora de estudos sobre clima e energia do think tank centrista Brookings Institution, se disse segura que, mesmo tomando o Congresso, so republicanos não contarão com uma maioria à prova de veto.

O governo Biden também teria empacotado a lei de modo a dificultar sua anulação pelos republicanos: "É um monte de créditos fiscais e benesses que tornam difícil revogá-la", assegurou Gross.

Metano: o grande inimigo do clima terrestre

Biden também discutiu as propostas de novas normas para reduzir as emissões gás metano. Na COP26, em Glasgow, 2021, os países liderados pelos EUA e a UE se comprometeram a, até 2030, cortar essas emissões em 30% em relação aos níveis de 2020.

O metano é um gás do efeito estufa 80 vezes mais potente do que o dióxido de carbono (CO2) nos primeiros 20 anos depois de atingir a atmosfera, sendo responsável por cerca de um terço do aquecimento global, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos.

Reduzir o metano emitido seria "nossa melhor chance de manter ao alcance a mete de 1,5 ºC", afirmou Biden no Egito. Um comunicado da EPA divulgado nesta sexta-feira estipula que as novas regras também devem visar pequenas fontes de gás natural e petróleo que emitam menos de três toneladas de metano por ano.

A proposta estabelece ainda um programa exigindo dos operadores que reajam a "relatos verossímeis de terceiros sobre vazamentos de metano de grande volume". "A agência estima que, até 2030, a proposta reduziria o metano de fontes cobertas a 87% menos que os níveis de 2005", indica o relatório.

av (AP,DW)