EUA e ONU saúdam derrota do EI em Mossul
11 de julho de 2017O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou formalmente nesta segunda-feira (10/07) a vitória das Forças Armadas do país contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) em Mossul, após três anos de controle dos jihadistas. A comunidade internacional reagiu com contentamento à notícia.
"Eu anuncio daqui o fim, o fracasso e o colapso do estado de falsidade e terrorismo que o Daesh ["Estado Islâmico"] anunciou em Mossul", disse Abadi em discurso televisionado, formalizando o que já havia antecipado o governo do Iraque no domingo, dia em que o premiê chegou à cidade.
A retomada de Mossul foi confirmada pelo governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira. Washington lidera uma coalizão internacional que apoia a ofensiva contra o EI na cidade iraquiana – iniciada há quase nove meses –, conduzindo bombardeiros e auxiliando soldados em solo.
O comandante da missão militar americana contra o grupo terrorista, tenente-general Stephen Townsend, foi o primeiro a celebrar a "vitória histórica contra um inimigo brutal". Apesar de ainda haver pela frente uma longa luta contra o EI no Oriente Médio, o oficial afirmou que a "perda de uma de suas capitais e joia de seu califado é um golpe decisivo" para a milícia.
Mais tarde, o presidente americano, Donald Trump, parabenizou o Iraque pela "vitória contra os terroristas", "inimigos de todos os povos civilizados". Para o republicano, a liberação de Mossul é um sinal de que a atuação dos jihadistas na Síria e no Iraque "está com os dias contados".
Em comunicado, o presidente também exaltou "o enorme progresso" conquistado na luta contra o "Estado Islâmico" no Oriente Médio, afirmando que foi feito "mais nos últimos seis meses" do que nos anos anteriores – Trump completa seis meses à frente da Casa Branca na próxima semana.
Já o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, definiu a vitória como um "marco crucial na luta global contra o EI", que promoveu uma "ocupação brutal" na cidade e matou milhares de civis.
Crise humanitária longe do fim
As Nações Unidas também saudaram a retomada de Mossul, classificando-a como um "passo significativo na luta contra o terrorismo e o extremismo violento". Em nota, o secretário-geral Antonio Guterres ofereceu condolências pelas vidas perdidas e afirmou que a ONU prestará todo o apoio necessário às comunidades deslocadas e à restauração do Estado de direito na região.
A batalha para recuperar Mossul deixou grande parte da cidade em ruínas e milhares de civis mortos. Cerca de 920 mil residentes fugiram da cidade desde a chegada das forças iraquianas, em outubro passado, estimou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
Mesmo com a liberação da cidade, muitos desses refugiados não serão capazes de voltar às suas casas tão cedo, afirmaram as Nações Unidas, levando em conta o estado de destruição que se encontra Mossul. O governo iraquiano diz que, no centro antigo, cerca de 65% das construções foram severamente danificadas, enquanto nos bairros ocidentais, como Zanjili, a situação é ainda pior.
Apoio de Teerã
Entre as nações vizinhas, o Irã também se disse disposto a ajudar na reconstrução da região devastada, e parabenizou Bagdá pela vitória em Mossul. "Quando os iraquianos se dão as mãos, não há limites para suas conquistas", disse o ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif.
Qassem Soleimani, chefe de operações estrangeiras da Guarda Revolucionária, chegou a lançar críticas contra o governo em Washington ao exaltar o papel de Teerã na luta contra o EI. "O Irã não é como os EUA, que tiram dinheiro do Iraque e se recusam a fornecer armas em tempos de necessidade. Nosso Ministério da Defesa trabalhou três turnos para produzir armas para o Iraque", alegou.
Foi em Mossul que, há quase três anos, o líder do "Estado Islâmico", Abu Bakr al-Baghdadi, declarou um califado na Síria e no Iraque. Conforme vêm perdendo território, é possível que os militantes revejam suas táticas de insurgência. O grupo também é alvo de uma ofensiva apoiada pela coalizão internacional na Síria, sobretudo na cidade de Raqqa, capital não oficial do EI.
EK/dpa/afp/efe/lusa/ots