EUA expulsam membros de missão cubana na ONU
20 de setembro de 2019Os Estados Unidos expulsaram nesta quinta-feira (19/09) dois membros da missão cubana da ONU, a poucos dias da Assembleia Geral da entidade, alegando ameaças à segurança nacional do país. Em comunicado o órgão afirmou que pediu a "partida imediata" dos dois diplomatas.
A porta-voz do Departamento de Estado americano, Morgan Ortagus, justificou a medida afirmando que os dois cubanos estariam tentando "conduzir operações de influência contra os Estados Unidos", o que conflagraria um abuso de seus "privilégios de residência".
"Levamos a sério toda e qualquer investida contra a segurança nacional dos EUA", escreveu Ortagus em sua conta no Twitter. "Continuaremos a investigar outros que estejam manipulando seus privilégios de residência", acrescentou.
Ortagus disse que a movimentação de membros da missão cubana da ONU ficará restrita a Manhattan, onde se localiza a sede das Nações Unidas.
O governo cubano condenou a decisão americana. "Rechaço categoricamente a expulsão injustificada de dois funcionários da missão permanente de Cuba na ONU e o endurecimento das restrições de movimento aos diplomatas cubanos e suas famílias", afirmou o ministro cubano do Exterior, Bruno Rodríguez, em seu perfil no Twitter.
O ministro disse se tratar de uma "calúnia vulgar a imputação de que [os diplomatas cubanos] realizaram atos incompatíveis com seu status diplomático". Segundo afirma, a medida teria como objetivo "provocar uma escalada diplomática que leve ao fechamento das embaixadas bilaterais, endurecer ainda mais o bloqueio e criar tensões entre ambos os países", afirmou, se referindo ao embargo comercial imposto a Cuba pelos EUA.
O Departamento de Estados não mencionou o nome dos diplomatas expulsos ou quais funções exerciam na missão cubana, além de não especificar quais seriam as atividades contra a segurança nacional americana que teriam promovido. A missão diplomática de Cuba na ONU é composta de 16 pessoas.
As expulsões ocorrem na semana anterior à 74ª Assembleia Geral da ONU, que o governo cubano utiliza como uma plataforma para tentar pôr fim ao embargo comercial e econômico imposto por Washington. A cada ano, desde 1992, a Assembleia aprova um texto que, apesar de não caráter vinculativo, insta o governo americano a acabar com o bloqueio, ressaltando os efeitos negativos da medida.
Em 1947, quando a ONU e os EUA aprovaram o acordo para a instalação da sede da entidade em Nova York, as autoridades americanas se comprometeram a não impor nenhum impedimento de trânsito de entrada ou de saída dos diplomatas acreditados.
Cuba e os EUA possuem um histórico de expulsões mútuas de diplomatas. As relações entre os dois países se deterioraram com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, que retrocedeu os avanços diplomáticos obtidos pelo governo de seu antecessor, o ex-presidente Barack Obama.
Em setembro de 2017, os EUA recolheram a maioria de seus diplomatas em Havana. No mês seguinte, Trump expulsou 15 representantes cubanos nos EUA. Seu governo reforçou o embargo comercial, impôs restrições ao turismo e às viagens de cidadãos americanos à ilha.
RC/afa/afp/dpa
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