Morte de Jong Il
20 de dezembro de 2011Um dia depois do anúncio da morte do ditador Kim Jong Il, a situação na Coreia do Norte é de luto oficial – já no resto do mundo é de suspense e apreensão. As trocas de mensagens diplomáticas são frenéticas, principalmente entre Seul e Tóquio e o aliado em comum de ambos, os Estados Unidos.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, explicou claramente a preocupação. "Nós esperamos que essa situação inesperada não prejudique a paz e a estabilidade na península coreana."
Nesta manhã de terça-feira (20/12), Noda conversou por telefone com o presidente Barack Obama, depois de o ministro japonês do Exterior, Koichiro Gemba, e sua colega norte-americana, Hillary Clinton, já terem concordado em Washington em observar o desenrolar dos fatos em Pyongyang.
Referindo-se à chamada negociação entre seis países, que busca o desarmamento nuclear da Coreia do Norte e está paralisada há três anos, Clinton prometeu retomar o contato com Rússia e China, enquanto Gemba quer conversar sobre o tema com a Coreia do Sul e também com a China.
Em Pequim está a chave para a paz. A China é uma forte protetora e o único, porém poderoso, aliado da Coreia do Norte.
Tensão dominante
A promessa do governo chinês é trabalhar para a paz. "A República Popular da China vai continuar se esforçando juntamente com a Coreia do Norte para fortalecer e desenvolver a amizade entre os dois países e povos. A China quer contribuir para a paz e a estabilidade na península coreana e na região norte-coreana", afirmou um porta-voz do governo chinês.
A declaração deixa claro que, também para os chineses, a situação na Coreia do Norte depois da morte do "querido líder" não é nem um pouco estável. Desde segunda-feira, todos os olhares se voltam para o desconhecido "grande sucessor", o filho mais novo de Jong Il.
Com apenas 28 anos (idade presumida), Kim Jong Un já é general de quatro estrelas, mas continua sendo uma folha em branco do ponto de vista político. O temor dos pessimistas é que o jovem inexperiente possa querer se impor diante do poderoso círculo de militares que o rodeia tomando atitudes impensadas. Especula-se que um novo teste atômico possa ser realizado, ou uma nova provocação militar, como os ataques ao navio de guerra sul-coreano e a uma ilha na região de fronteira em 2010.
Em alerta
As Forças Armadas da Coreia do Sul e do Japão já estão em estado de alerta. Os Estados Unidos, ao que parece, também estariam prontos para um eventual conflito. O país conta com 28 mil soldados na Coreia do Sul, perto da fronteira com a Coreia do Norte.
Para o jornalista norte-coreano Kan Cholufan, que ficou detido por dez anos em seu país, acusado de crimes contra o Estado, a nação comunista pode estar diante de uma mudança. "Com a morte de Kim Jong Il, a democratização da Coreia do Norte está mais perto. Se o sucessor, no entanto, continuar governando como sempre, sem encontrar uma solução para os problemas existentes, como a fome e a pobreza, então a população não terá outra alternativa a não ser derrubar o regime", avalia Cholufan, que trabalha para um jornal sul-coreano desde a fuga do país natal.
A população, no entanto, não demonstra esse sentimento de revolta. Em vez disso, o luto declarado pelo Estado aparece de várias formas. Cidadãos de joelhos que choram a perda do líder, como uma norte-coreana que se consola com a ascensão de Kim Jong Un . "Kim Jong Il era o nosso céu e o nosso sol. Mas agora, depois da morte do amado líder, nós confiamos completamente em Kim Jon Un. Com o general Kim Jong Un no comando, nós não nos intimidaremos."
Autor: Jürgen Hanefeld, de Tóquio (np)
Revisão: Alexandre Schossler