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EUA mudam tom sobre a Síria após ataque químico

6 de abril de 2017

Depois de ver imagens de crianças sufocadas por gases tóxicos, Trump diz que "ataque não pode ser tolerado" e reavalia papel americano no país árabe. Embaixadora dos EUA pede resolução da ONU contra regime sírio.

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Donald Trump
Trump: "O ataque ultrapassou diversos limites"Foto: Reuters/Y. Gripas

O ataque químico atribuído ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, voltou a acirrar as tensões entre os Estados Unidos e a Rússia.

Nesta terça-feira (04/04), ao menos 86 pessoas morreram na cidade de Khan Cheikhoun, controlada pela oposição, e dezenas foram hospitalizadas. O episódio parece ter alterado a postura do presidente americano em relação ao conflito na Síria.

Após ver as imagens chocantes de crianças sírias sufocadas pelos gases tóxicos, o presidente americano disse, nesta quarta-feira, que sua perspectiva em relação ao conflito na Síria foi alterada, afirmando que o ataque "não pode ser tolerado”.

Em 2013, após ataques químicos também atribuídos ao regime de Assad, Trump alertou o então presidente, Barack Obama, para que não interviesse no país árabe.

Ataque químico deixa dezenas de mortos na Síria

Durante a campanha eleitoral, Trump disse que o objetivo militar americano na Síria se resumiria a combater a organização extremista "Estado Islâmico” (EI), prometendo melhorar as relações com a Rússia, aliada de Assad.

Agora, porém, o presidente sinalizou mudanças no envolvimento americano no conflito. "Para mim, [o ataque] ultrapassou diversos limites", afirmou Trump a repórteres na Casa Branca, acusando seu antecessor no cargo de falhar ao tentar impedir a utilização de armas químicas pelo regime sírio. 

"Quando se mata crianças inocentes, bebês inocentes, bebês pequenos... isso ultrapassa muitos limites”, disse Trump. "Digo a vocês que já aconteceu, que minha atitude em relação à Síria e Assad mudou muito. Falamos agora de um nível completamente diferente”, afirmou, sem especificar qual deverá ser a reação americana ao ataque químico.

Resolução da ONU

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, exigiu que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução elaborada pelos EUA, França e Reino Unido, que condena "nos termos mais fortes” o ataque e ameaça com graves consequências contra o uso de armas químicas por parte do governo sírio. Os três países sugerem uma investigação sobre o ocorrido a ser realizada pela Organização para a Proibição de Armas Químicas.

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, exibe ao Conselho de Segurança imagens de crianças vítimas do ataque
Nikki Haley exibe ao Conselho de Segurança imagens de crianças vítimas do ataqueFoto: Reuters/S. Stapelton

Haley fez uma forte defesa da resolução, exibindo ao Conselho de Segurança imagens de crianças sufocadas pelas armas químicas. "Quantas outras crianças terão de morrer para que a Rússia se sensibilize?”, perguntou.

"Quando as Nações Unidas falham consistentemente em seu dever de agir coletivamente, há vezes em que somos obrigados a tomar nossa própria ação", afirmou.

O vice-embaixador da Rússia na ONU, Vladimir Safronkov, criticou a resolução, dizendo que foi preparada às pressas e é desnecessária. Ele, porém, expressou apoio à investigação. "A tarefa principal é realizar um inquérito rigoroso sobre o que aconteceu”, disse. 

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse que Moscou deve reavaliar seu apoio a Assad. "Para nós, não há dúvidas de que o regime sírio sob a liderança de Bashar al-Assad é o responsável por esse terrível ataque”, afirmou. Tillerson estará em Moscou na próxima semana para conversações bilaterais, que deverão ser ofuscadas pelo trágico incidente em Khan Cheikhoun.

RC/afp/ap