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EUA vão enviar sistemas avançados de mísseis à Ucrânia

1 de junho de 2022

Lançadores de mísseis de médio alcance fazem parte de novo pacote de ajuda americana a Kiev, enquanto tropas de Moscou avançam na região do Donbass. Biden diz que armas mais potentes não visam atacar território russo.

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O presidente dos EUA, Joe Biden
"Não estamos encorajando ou permitindo que a Ucrânia ataque além de suas fronteiras. Não queremos prolongar a guerra apenas para infligir dor à Rússia", disse BidenFoto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance

O governo dos Estados Unidos disse que vai enviar para a Ucrânia sistemas de mísseis de médio alcance de alta tecnologia, um tipo de arma mais avançada que os líderes ucranianos vêm implorando para receber enquanto lutam para deter o avanço russo na região do Donbass.

Os lançadores fazem parte de um novo pacote americano de ajuda de segurança à Ucrânia no valor de 700 milhões de dólares, que vai incluir ainda helicópteros, sistemas de armas antitanque do tipo Javelin, veículos táticos, peças de reposição, entre outros.

As informações foram reveladas nesta terça-feira (31/05) por duas autoridades do governo dos EUA, que falaram sob condição de anonimato antes do anúncio oficial do novo pacote, esperado para esta quarta-feira.

A decisão americana de enviar sistemas de mísseis avançados busca encontrar um equilíbrio entre o desejo de ajudar a Ucrânia a combater a artilharia russa sem fornecer armas que permitam que as forças ucranianas atinjam alvos no interior do território russo e escalem ainda mais a guerra.

Em artigo publicado na noite desta terça-feira no jornal The New York Times, o presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou que decidiu "fornecer aos ucranianos sistemas de mísseis e munições mais avançados que permitirão que eles ataquem com mais precisão alvos-chave no campo de batalha na Ucrânia".

"Não estamos encorajando ou permitindo que a Ucrânia ataque além de suas fronteiras. Não queremos prolongar a guerra apenas para infligir dor à Rússia", escreveu Biden.

Na segunda-feira, ele já havia afirmado que os EUA não enviariam à Ucrânia "sistemas de mísseis que poderiam atingir a Rússia". Contudo, se posicionados próximos o suficiente da fronteira, tais lançadores são capazes de alcançar o território do país vizinho. Fontes do governo em Washington afirmaram que os ucranianos garantiram aos americanos que não vão atirar mísseis em território russo.

Um alto funcionário do governo disse que a Ucrânia deve receber dos EUA o sistema avançado de mísseis Himars, que é montado em um caminhão e pode transportar um contêiner com seis mísseis. Tropas ucranianas precisariam de treinamento para manusear os novos sistemas, o que pode levar pelo menos uma ou duas semanas.

Russos em Sievierodonetsk

A expectativa é que as forças de Kiev usem os mísseis na região do Donbass, no leste do país, onde eles poderiam interceptar artilharia russa e também derrubar posições russas em cidades onde os combates são intensos, como em Sievierodonetsk. A batalha por Sievierodonetsk ficou mais intensa nos últimos dias, causando a morte de vários soldados tanto ucranianos como russos.

Destruição em Sievierodonetsk
Os russos agora controlam a maior parte da cidade de Sievierodonetsk, de acordo com autoridades regionaisFoto: Serhii Nuzhnenko/REUTERS

"Os russos estão atacando, consolidando-se no centro de Sievierodonetsk, enquanto continuam a destruir infraestrutura e instalações industriais", afirmou o governador da província de Lugansk, Serhiy Haidai, em mensagem no Telegram nesta quarta-feira.

Os russos agora controlam a maior parte da cidade destruída, de acordo com autoridades regionais.

Haidai afirmou ainda que forças russas atacaram um tanque contendo ácido nítrico em uma fábrica de produtos químicos em Sievierodonetsk. "O ácido nítrico é perigoso se inalado, ingerido ou em contato com a pele", disse o governador de Lugansk. "Não saiam dos abrigos!" Ele pediu ainda que os moradores "preparem máscaras protetoras impregnadas com solução de refrigerante".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que o ataque aéreo russo a uma fábrica de produtos químicos em Sievierodonetsk foi "uma loucura". Mas "não é mais surpreendente que, para os militares russos, para os comandantes russos, para os soldados russos, qualquer loucura seja absolutamente aceitável", disse em vídeo no Telegram.

Por sua vez, autoridades separatistas pró-Moscou alegam que o tanque "explodiu" em território controlado por forças ucranianas.

Foco no Donbass

Depois de não conseguir capturar a capital, Kiev, no início da invasão, a Rússia anunciou que o foco de sua "operação militar especial", como denomina a guerra de agressão contra a Ucrânia, era agora conquistar toda a região industrial do Donbass – e Sievierodonetsk é fundamental para isso. Situada a cerca de 140 quilômetros da fronteira com a Rússia, a cidade transformou-se nos últimos dias no epicentro dos combates no Donbass.

O governador de Lugansk, onde Sievierodonetsk está localizada, afirmou que forças russas também estão avançando em direção à Lysychansk. Ambas as cidades estão às margens do estrategicamente importante rio Siverskiy Donetsk e são as últimas grandes áreas sob controle ucraniano em Lugansk.

Capturar as duas cidades daria a Moscou o controle efetivo sobre a província de Lugansk, algo que o Kremlin poderia declarar como uma vitória na guerra. Mas, ao focar seus esforços na pequena cidade de Sievierodonetsk, a Rússia pode estar deixando outras áreas livres para contra-ataques da Ucrânia, segundo analistas.

Em 2014, separatistas pró-Rússia proclamaram Lugansk e a província adjacente de Donetsk, também no Donbass, como "repúblicas populares" independentes.

No último domingo, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, afirmou à emissora Frencht TF1 que "a prioridade incondicional de Moscou é a liberação das regiões de Donetsk e Lugansk", ressaltado que a Rússia as vê como "Estados independentes".

ek/lf (AFP, AP)