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Crise de endividamento

12 de julho de 2011

Ministros das Finanças da zona do euro procuram restringir risco de crise de endividamento da Grécia contagiar outros países. Mercados financeiros têm a Itália sob a mira, e exigem do país taxas de risco muito elevadas.

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Presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos: tudo brincadeira?
Presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos: tudo brincadeira?Foto: dapd
Os alarmes soaram alto em Bruxelas, nesta terça-feira (12/07). O euro desceu abaixo de 1,40 dólar, e sua queda só foi estancada por especulações sobre uma eventual intervenção do Banco Central Europeu.
Os mercados financeiros têm a Itália sob sua mira, e exigem do país altamente endividado taxas de risco elevadas sobre os créditos estatais: quase 5,7% para os empréstimos com prazo de dez anos. Uma situação totalmente inédita, desde a criação da União Monetária Europeia.
Assim, os chefes de Estado e governo dos 17 países da zona do euro querem, por todos os meios, evitar o alastramento da crise de endividamento – que já acomete a Grécia, Portugal e Irlanda – para as grandes nações, como Itália e Espanha.
Segundo fontes diplomáticas, uma reunião de crise está programada para a próxima sexta-feira. O porta-voz de Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, declarou sobre o tema: "Não está fora de cogitação, porém ainda não foi decidido".
Ministros irresolutos
Ministros da zona do euro acenam com novos bilhões para Atenas
Ministros da zona do euro acenam com novos bilhões para AtenasFoto: AP
Apesar da agitação no mercado financeiro, a conferência em Bruxelas que reuniu os ministros das Finanças dos países que adotam o euro como moeda nacional terminou nesta terça-feira com pouco mais do que uma declaração de intenções.
Os governos estão preocupados com os atuais desdobramentos na Itália e pretendem decidir rapidamente. Este foi o tom básico das declarações em Bruxelas: muitas promessas e poucas ações concretas. Um exemplo é a ajuda para a Grécia: apesar de todos os anúncios anteriores, os chefes de pasta não conseguiram chegar a um acordo quanto a um segundo pacote de ajuda.
No comunicado divulgado tarde na noite de segunda-feira, eles simplesmente reforçaram a intenção de fazer com que credores privados – como os bancos – arquem com parte do pacote.
"Estão sendo realizadas conversas, queremos concluí-las o mais breve possível", declarou o chefe do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, após várias horas de deliberações. E acrescentou: "Haverá uma participação do setor privado. O Conselho Europeu decidiu assim, quer se goste, quer não. Nos próximos dias terão prosseguimento as negociações com representantes do setor privado, de forma a serem encerradas o mais breve possível".
"Programa anticontágio"
Pelo menos os ministros concordam em pontos básicos. Como a necessidade de aliviar o peso da crise sobre a Grécia, através de juros mais baixos e prazos mais prolongados para os créditos emergenciais do programa de ajuda em curso. Os outros dois países em crise que receberam apoio financeiro internacional – Portugal e Irlanda – também podem contar com alívio neste sentido, assegurou Juncker.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tampouco está pronto a discutir sobre as condições de um segundo pacote de ajuda financeira para Atenas. Na noite de segunda-feira, a diretora-gerente da organização intergovernamental, Christine Lagarde, declarara a jornalistas em Washington que os passos tomados pela Grécia no sentido de controlar seu déficit orçamentário haviam sido importantes, porém não suficientes.
Os ministros reunidos em Bruxelas debateram, ainda, a possibilidade de elevar o montante do mecanismo de proteção do euro, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), assim como ampliar as possibilidades de sua utilização para auxílio aos países endividados da Eurozona. Tais medidas visariam evitar o alastramento da crise de endividamento para outros membros da União Monetária. "É um programa anticontágio", resumiu Juncker, empregando um jargão financeiro.
Itália, país-membro problemático
Situação da Itália é preocupante
Situação da Itália é preocupanteFoto: picture alliance/dpa
Não se tratou concretamente da Itália durante a conferência de ministros das Finanças, informou o chefe do Eurogrupo. Nos últimos dias, acumularam-se temores que o país fosse o próximo, na zona do euro, a perder o controle sobre suas dívidas. Roma está esmagada por uma gigantesca montanha de dívidas, num total de 1,84 trilhão de euros – o equivalente a 119% de seu Produto Interno Bruto. Somente a Grécia ultrapassa esse índice, com 142,8% do PIB. Deste modo a Itália é, sozinha, responsável por quase um quarto das dívidas estatais dos 17 países-membros da Eurozona.
A diretora do FMI tentou abafar em Washington a inquietude em torno da situação italiana: "No momento, a Itália enfrenta problemas que foram essencialmente atiçados pelo mercado". No entanto, parte dos dados econômicos do país é excelente, e uma grande parcela das dívidas é interna, argumentou Lagarde. Isso significa que a influência dos mercados internacionais é limitada. Por outro lado, está claro que o crescimento econômico italiano tem que melhorar, sublinhou a política francesa.
Por outro lado, durante a coletiva de imprensa tardia em Bruxelas, o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, admitiu que a situação é preocupante. "Os ministros voltaram a confirmar que se empenharão de forma irrestrita para preservar a estabilidade financeira do euro." Isto inclui afastar os perigos de contágio, assegurou.
AV/dw/afp/dapd/dpa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque