Obesidade
28 de fevereiro de 2007Depois de um tempo adormecida, a União Européia parece ter despertado para um problema que atinge todos os países do bloco: a obesidade. Enquanto estatísticas apontam uma taxa cada vez maior de pessoas acometidas pelo problema, o assunto deixa as mesas dos especialistas e chega ao público em geral.
A meta das autoridades da UE é fazer com que surja uma nova consciência da importância da alimentação. Em meio ao emaranhado de 230 mil tipos de produtos nos supermercados alemães, por exemplo, especialistas detectam um desejo do consumidor, perdido entre tantas ofertas, de encontrar aquilo que realmente valha a pena comprar.
Pouco tempo para o preparo
Um dos problemas básicos é que, principalmente nos centros urbanos, as pessoas investem cada vez menos tempo no preparo daquilo que comem. E, com isso, acabam perdendo gradualmente o paladar, acreditam nutricionistas. O tempo gasto à mesa (ou em pé, na lanchonete) vem também se reduzindo.
Na contra-corrente, surgem alguns movimentos de incentivo a uma mudança de comportamento da população através do abandono da cultura do fast food, em prol de outras tendências que incluem alimentos orgânicos.
O selo "bio" é visto como um dos mercados do futuro na indústria alimentícia. Na Alemanha, até mesmo grandes redes de supermercados convencionais e especializados em produtos de baixo custo (os chamados discounter) começaram a comercializar linhas próprias de orgânicos.
Eventos culinários viram cult
Outra tendência atual é tentar fazer da culinária uma tarefa cult entre os jovens das grandes cidades. Em alguns bairros de Berlim, por exemplo, pipocam livrarias especializadas em gastronomia, enquanto eventos e cursos de cozinha para yuppies e afins se tornam cada vez mais comuns.
Restaurantes em que se come no escuro, numa tentativa de fazer com que o cliente sinta realmente o gosto dos alimentos, também seguem nesta direção. A idéia, segundo especialistas, é criar uma nova sensibilidade em relação àquilo que se come.
Ofertas mais saudáveis
Após uma conferência de vários dias em Badeweiler, na Alemanha, os representantes dos 27 países da União Européia divulgaram um comunicado sobre as medidas a serem tomadas no bloco para prevenir o problema.
Um dos objetivos é incentivar os europeus a praticar pelo menos meia hora de esportes por dia, o que, de acordo com a vontade dos ministros, deveria acontecer até o ano de 2010.
Além disso, uma dos propósitos das autoridades é fazer com que pelo menos 20% da população dos países que compõem a UE passe a comer porções de frutas e verduras cinco vezes ao dia. Outra meta é melhorar a oferta de alimentos nas creches, jardins-de-infância, escolas, restaurantes de empresas e asilos de idosos.
"País gordo"
Segundo a ministra alemã da Saúde, Ulla Schmidt, há três milhões de obesos na UE. "A velocidade com que o problema cresce é alarmante", afirma a ministra. Na Alemanha, o número de pessoas acima do peso considerado ideal pela Organização Mundial de Saúde duplicou nos últimos dez anos.
Hoje, de acordo com estatísticas oficiais, 55% das mulheres alemãs são obesas. Uma taxa alta, mas ainda superada pelos 65% de homens acima do peso. Entre as crianças e adolescentes, o problema atinge 15% dos que têm entre três e 17 anos. A Alemanha está, assim, entre os países com maior índice de obesidade da UE, atrás apenas de Malta, Inglaterra e Hungria.