Europeus buscam consenso na Grécia
2 de maio de 2003Apesar do bom tempo nesta manhã de sexta-feira (2), nenhum dos ministros participou do programa turístico oferecido pela anfitriã, Grécia, na ilha de Rhodos. Em vez disso, aproveitaram a oportunidade para conversas bilaterais, tão necessárias após meses de discórdias sobre a posição relativa ao Iraque.
As relações entre a União Européia e os Estados Unidos são o tema principal do encontro dos chefes da diplomacia neste primeiro dia de consultações informais, portanto sem caráter conclusivo, e que tem a participação também dos representantes dos dez novos membros, cuja admissão entra em vigou em maio de 2004.
No convite para o encontro, o governo grego, que exerce a presidência rotativa da União Européia, lembrou que não se trata de olhar para trás, mas sim consolidar a posição conjunta sobre o papel dos europeus na reconstrução do Iraque e no processo de paz do Oriente Médio.
As bases da posição européia em relação à ordem iraquiana no pós-guerra já haviam sido estabelecidas na cúpula entre os chefes de Estado e de governo da União Européia em meados de abril, em Atenas. Para chegarem a um consenso, defensores e críticos dos EUA e da Grã-Bretanha deixaram de lado a questão da legitimidade da guerra contra o Iraque e defenderam que as Nações Unidas devem assumir um papel central no Iraque pós-guerra.
União Européia de Defesa
A criação de mecanismos para garantir uma política conjunta de segurança e defesa é o segundo grande tema do encontro dos ministros que se encerra neste sábado, na Grécia.
Na terça-feira (29/04), em Bruxelas, os representantes da Alemanha, França, Bélgica e Luxemburgo haviam acertado um plano de sete pontos para uma política de defesa mais estreita e a criação de um núcleo de planejamento e comando conjunto de operações até meados de 2004.
Embora a idéia da União Européia de Segurança e Defesa esteja aberta à discussão na UE, o plano foi recebido com ceticismo nos EUA, na Grã-Bretanha, e por todos os países europeus que se aliaram aos Estados Unidos na guerra contra o Iraque e não foram convidados a participar da cúpula dos quatro.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, acusou os quatro iniciadores de colocarem em jogo sua integração na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O chefe da diplomacia grega, Georgios Papandreou, tenta conciliar: "Não vejo contradições. Talvez os britânicos se vejam na função de ponte entre a Europa e os Estados Unidos. E isso é positivo. Uma forte política européia de defesa seria mantida por dois fundamentos: um do lado de lá e outro do lado de cá do Atlântico."
Atenas havia saudado a iniciativa e comunicado que, uma vez encerrada a presidência grega da UE, em junho, irá aderir à iniciativa. Contudo, ainda falta um intenso diálogo entre as lideranças européias, o que está previsto para o encontro de cúpula de 20 e 21 de junho, em Thessaloniki.
Evitar duplicações inúteis e dispendiosas
Em seu plano, o presidente francês Jacques Chirac e os premiers Gerhard Schröder, Guy Verhofstadt e Jean Claude Juncker sugeriram, por exemplo, a instituição de um Estado Maior, independente da OTAN. "Com o Estado Maior estratégico vamos unir os meios nacionais e evitar duplicações inúteis e dispendiosas em matéria de defesa", argumentou Chirac.
O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder rebateu críticas de que teria sido uma iniciativa isolada e contrária aos EUA: "Justamente nos Estados Unidos vieram queixas de que a União Européia não tem um número de telefone para se ligar em caso de emergência."
Turquia, Romênia e Bulgária
Neste sábado, a reunião dos ministros prossegue numa viagem de navio à ilha grega de Castellorizo, onde se encontrarão com seus colegas de pasta da Turquia, Romênia e Bulgária. As três são candidatas à União Européia, mas não dispõem de data concreta para o ingresso na comunidade.