Energia
12 de janeiro de 2009Duas semanas após o início da disputa comercial entre Rússia e Ucrânia, o presidente russo, Dimitri Medvedev, informou em Moscou que, "caso não haja obstáculos", o fornecimento de gás russo será retomado na terça-feira (13/01).
Sob mediação da União Europeia (UE), as partes conflitantes assinaram um acordo que prevê a ação de observadores ao longo dos gasodutos situados em território ucraniano. A Rússia acusara a Ucrânia de roubar gás da Europa.
Um porta-voz da UE declarou em Bruxelas que o "premiê Putin confirmou que retomará o fornecimento de gás russo logo que os observadores chegarem ao local". O porta-voz acrescentou que não existem mais argumentos que pudessem retardar a retomada do fornecimento.
Consequências da crise
A crise do gás parece estar chegando ao fim, mas o trabalho da UE está só começando. Os ministros da Energia dos países-membros do bloco se reuniram nesta segunda-feira (12/01) em Bruxelas para discutir as consequências da crise entre a Rússia e a Ucrânia. Alexei Miller, presidente da estatal russa Gazprom, e o vice-chefe de governo russo, Igor Setchin, também estiveram presentes em Bruxelas para debater rotas alternativas para o gás russo com os ministros europeus.
O principal tema de discussão, no entanto, foi o futuro do mix energético europeu. Os ministros da Energia da UE querem ampliar o leque de fontes energéticas do continente. O bloco deve fomentar, sobretudo, projetos que assegurem uma maior diversidade de fontes e caminhos de transporte, afirmaram os ministros.
Energias renováveis e programas de economia energética também estiveram na ordem do dia. Apesar de ser esse um tema já bastante conhecido, segundo dados da UE o consumo energético do continente é crescente desde meados de década de 1990.
Retomada da energia atômica
Peter Hintze, vice-ministro no Ministério alemão da Economia, afirmou que a economia de energia seria a "melhor fonte energética". Hintze disse ainda que a Alemanha precisa de "um amplo mix energético com modernas termelétricas a carvão e com energias renováveis". Alguns dos países-membros devem também ampliar seus reservatórios, disse o vice-ministro, acrescentando que "nós também temos que avaliar com calma a questão da energia atômica, que no momento foi adiada".
Isso não agrada, no entanto, aos ativistas ambientais que já protestaram contra a decisão do governo eslovaco de reativar o reator atômico de Jaslovske Bohunice por causa da crise do gás. Apesar da prometida retomada do fornecimento de gás russo, a Eslováquia insiste na reativação de seu reator de Bohunice.
A UE criticou que tal passo iria de encontro aos tratados do bloco. No ano passado, a Eslováquia fechara o reator como condição para ser admitida na UE. A vizinha Áustria classificou as instalações da usina atômica eslovaca como perigosas.
Após reunião com o ministro da Economia austríaco, Martin Bartenstein, e com o presidente do Conselho de Ministros de Energia da UE, Martin Riman, nesta segunda-feira em Bruxelas, o ministro eslovaco da Economia, Lubomir Jahnatek, declarou que "a situação na área energética é para nós, agora, um problema mais grave do que a interrupção do fornecimento de gás".