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Evasão empresarial em alta

(sv)17 de agosto de 2004

Pesquisa revela: 71% das pequenas e médias empresas alemãs pretendem transferir parte da produção para o exterior. Salários mais baixos, gastos reduzidos com material e boa qualidade são as razões do êxodo em massa.

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Produção da Siemens na Polônia: tendência geralFoto: Transit-Archiv

Tudo começou com os grandes conglomerados. Agora chegou a vez dos menores. Nos últimos meses, a tendência de transferir a produção para o exterior se acentuou ainda mais na Alemanha. Uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria Roland Berger e pela Escola Superior Técnica da Renânia do Norte-Vestfália (RWTH) aponta uma verdadeira onda de fuga do empresariado rumo ao exterior.

Qualidade boa a baixo custo

Entre os 70 envolvidos na pesquisa, apenas 17% produzem apenas dentro do país. E mais de 60% acreditam que a qualidade da produção no exterior é pelo menos tão boa quanto "em casa". E isso com um enorme leque de vantagens no que diz respeito aos custos: salários e honorários muito mais baixos, encargos sociais reduzidos e menos gastos com material.

Como as subsidiárias das empresas fora do país vêm se mostrando cada vez mais capazes de assumir a produção, muitas das centrais alemãs estão transferindo também setores "periféricos" para o exterior, como pesquisa, desenvolvimento, contabilidade, administração e até mesmo o contato com o cliente, através de centrais de atendimento. No passado, as áreas destinadas ao exterior se reduziam à produção propriamente dita e à montagem.

Apenas efeitos negativos?

Call Center in Düsseldorf
Até centrais de atendimento telefônico podem se transferir para fora do paísFoto: dpa

Especialistas discutem se a evasão das empresas alemãs traz apenas efeitos negativos para o mercado interno – como a redução de empregos – ou se os lucros maiores, obtidos devido à produção no exterior, acabam sendo revertidos de volta ao país, na forma de novos investimentos.

Fato é que muitas dessas pequenas e médias empresas não estariam em condições de sobreviver, se fossem obrigadas a se manter fiéis à produção apenas dentro da Alemanha. No exterior, a contenção de despesas é enorme: na vizinha Polônia, por exemplo, o salário-hora (3,60 euros) equivale a 14% do valor pago aos trabalhadores alemães.

O Leste Europeu e a Ásia são os alvos preferidos tanto das grandes quanto das pequenas empresas que querem deixar o país. Grupos cujas ações fazem parte do Dax (principal índice da Bolsa de Valores de Frankfurt) têm hoje apenas 30% de seu faturamento dentro da Alemanha.

Ameaças de evasão em massa

Ameaças dos grandes, como Siemens ou DaimlerChrysler, acentuam o medo de uma evasão em massa do empresariado. "A pressão por racionalizar os custos vem aumentando", alerta Holger Schäfer, especialista em mercado de trabalho do Instituto da Economia Alemã (IW), em entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung.

Principalmente os setores de bens de consumo, indústria eletrônica e finanças vêm sendo afetados pelas novas tendências. Durante a última Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), ficou claro que 25% das empresas alemãs já transferiram departamentos inteiros para o exterior.