Ex-comandante turco nega participação em tentativa de golpe
18 de julho de 2016O ex-comandante da Força Aérea turca Akin Öztürk, suspeito de ser o líder da tentativa de derrubar o governo na última sexta-feira, negou sua participação no golpe fracassado, informaram nesta segunda-feira (18/07) a agência de notícias estatal turca Anadolu e a emissora NTV.
"Não sou a pessoa que liderou o golpe de 15 de julho de 2016. Não sei quem planejou ou conduziu esse golpe", disse o militar, comandante da Força Aérea até agosto do ano passado, segundo os veículos.
A informação contradiz o que a Anadolu havia noticiado mais cedo, afirmando que Öztürk tinha confessado sua participação ao declarar ter "agido com intenções de promover um golpe de Estado". A agência logo corrigiu a informação.
Uma cópia da declaração de Öztürk a promotores foi obtida por veículos de imprensa privados, que a publicaram em seus sites. Nesta, Öztürk negava categoricamente sua participação no golpe.
"Com base nas minhas experiências, acredito que a estrutura paralela [do clérigo islâmico Fethullah Gülen] levou adiante esse golpe militar. Mas não posso dizer quem organizou ou levou adiante essa questão dentro das forças de combate turcas. No que diz respeito a isso não sei nada. Lutei muito contra essa estrutura [de Gülen]", disse o ex-comandante.
Öztürk, detido no sábado, foi levado nesta segunda-feira ao tribunal em Ancara junto a outros 20 generais sob pedido de prisão preventiva. Fotos publicadas pela mesma agência de notícias mostram diversos ferimentos na parte superior do corpo do general, incluindo a cabeça.
No domingo, a imprensa turca começou a especular que Öztürk era cotado para ser o novo chefe do Estado-maior caso a tentativa de golpe tivesse êxito.
Segundo a Anadolu, ele é um dos 112 generais e almirantes das Forças Armadas detidos pelas forças turcas – o número representa quase um terço dos 356 generais e almirantes que compõem o órgão.
Os militares estão sendo acusados de "conspiração a fim de alterar a ordem constitucional pela força", "resistência armada contra a autoridade", "criação de uma organização armada" e, em alguns casos, de "conspiração e realização de um ataque contra o presidente".
Milhares de detidos
Mais de 7,5 mil pessoas foram detidas desde sexta-feira, entre elas mais de 6 mil militares, de acordo com os últimos dados divulgados pelo primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim.
Além disso, desde a tentativa de golpe, 8.777 funcionários públicos foram removidos de seus cargos na Turquia. Entre eles há trinta dirigentes políticos – sendo um governador e 29 prefeitos –, 50 funcionários do alto escalão do governo de Recep Tayyip Erdogan, e 7.899 policiais.
A tentativa de derrubar o governo turco na noite da última sexta-feira resultou na morte de mais de 290 pessoas, entre as quais mais de cem golpistas.
Nesta segunda-feira, depois das notícias das milhares de detenções, líderes europeus exigiram que as instituições democráticas e o Estado de Direito sejam respeitados pelo governo da Turquia.
"Nós estamos dizemos que o Estado de Direito deve ser protegido no país, não há desculpas para qualquer medida que afaste o país disso", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, antes do início de uma reunião dos ministros do Exterior da União Europeia (UE) em Bruxelas.
EK/afp/ap/dpa/efe/rtr